A Macys anunciou planos para a sua primeira loja internacional, que está prevista abrir em Abu Dhabi em 2018. Haverá também uma loja da Bloomingdales no mesmo local, o Al Maryah Central, a segunda na região após a loja no Dubai que abriu em 2010. De acordo com Mortimer Singer, presidente executivo da Marvin Traub Associates, a decisão tem tudo a ver com o centro global que está a ser criado na região, o enorme poder de marketing que oferece e uma base de clientes dispostos e desejosos por marcas. «À distância de um voo de seis horas e meia, temos 2,5 mil milhões de pessoas», sublinha Singer. O Al Maryah Central é descrito como um novo destino de compras suprarregional, situado na Al Maryah Island e desenvolvido pela Gulf Related, uma joint-venture entre a Related Companies e a Gulf Capital. O espaço irá contar com 288 mil metros quadrados de retalho, restaurantes, entretenimento, alojamento e um hotel, com a Macys (19,0 mil metros quadrados) e a Bloomingdales (21,3 mil metros quadrados) a servirem de âncoras do desenvolvimento. As duas lojas vão ser operadas pelo Al Tayer Group, que já opera a loja da Bloomingdales no Dubai. Terry Lundgren, presidente executivo da Macys, aponta que o Al Maryah Central não é apenas uma «excelente oportunidade» para levar a Macys às pessoas que vivem e trabalham em Abu Dhabi, mas também para levar a retalhista aos «visitantes que vêm de todo o mundo para eventos, negócios e férias». O mercado turístico é importante, com Singer – que aconselhou a Al Tayer e a Gulf Related no negócio a referir que há uma crescente centralização entre Abu Dhabi e o Dubai, na medida em que quase podem ser vistos como um destino regional. A viagem por estrada entre os dois demora cerca de duas horas. No entanto, o investimento é mais do que apenas para os turistas e Singer refere que o mercado local será mais importante do que a multidão de turistas. E, apesar das lojas transmitirem a sensação das suas congéneres americanas, haverá também alguns ajustes para ter em conta a localização internacional. Também poderão haver mudanças no layout. Singer refere que o departamento de vestuário de criança da Macys vai provavelmente ser descomunal em comparação com o existente nos EUA, devido à população jovem local e a uma tendência para as grandes famílias, também os departamentos de calçado e acessórios poderão ser um pouco maiores. E, mais importante, foram identificadas lacunas na atual oferta de retalho da região. O mercado está também a ser observado por outros players, mas Singer afirma que a Macys poderá captar uma parte significativa do mesmo, porque «o panorama dos grandes armazéns é principalmente de luxo». A House of Fraser abriu a sua primeira loja em Abu Dhabi em 2013 e, embora Singer diga que tal poderá sobrepor-se ligeiramente à Macys, ressalva que «existe a falta de uns grandes armazéns forte, de qualidade, orientados para o valor que tenha marcas próprias entusiasmantes». Uma das principais razões para a expansão em Abu Dhabi foi o próspero desempenho que a Bloomingdales tem registado desde que abriu no Dubai em 2010. O presidente executivo da retalhista, Tony Spring, designou-a como um «sucesso destacado», enquanto Singer afirma que é um «importante catalisador» para o mais recente projeto. Um dos fatores que torna o Médio Oriente uma proposta atrativa prende-se com as empresas existentes localmente, com as quais os retalhistas podem trabalhar. Singer revela que há 6 a 12 empresas na região com as quais os retalhistas internacionais podem estabelecer parcerias, ou seja, há opções para as empresas que desejam expandir-se para a região. Isso pode fazer uma grande diferença num sector de retalho onde a deslocação de lojas para outras fronteiras é uma raridade. «A diferença em relação a outros mercados é que durante 30 anos ou mais tem havido um grupo de retalhistas que se tornaram parceiros com todas as grandes marcas globais», explica Singer. «O seu objetivo é estabelecer parcerias com empresas internacionais e estão ao nível mundial no que fazem», acrescenta. O comportamento do consumidor e a cultura da região também desempenham um papel importante. «Os consumidores são muito sofisticados, adoram marcas, especialmente ocidentais», sustenta Singer. «E durante metade do ano, o local mais agradável para passar o tempo de lazer é num centro comercial com climatização controlada. Isto pode parecer estranho para alguns, mas, culturalmente, lá não é. As pessoas vão ao centro comercial para passar o dia», conclui.