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Mercado de luxo cresce na China – Parte 1

O mercado de produtos de luxo na China está a desafiar a desaceleração, com cada vez mais consumidores dispostos a pagar por marcas de designer de elevada qualidade. Um novo estudo prevê que as vendas de luxo no país cresçam em 2009 mas a expansão no mercado chinês está longe de ser fácil. O mercado chinês de luxo é relativamente pequeno, representando apenas 3,5% das vendas mundiais em 2008, as quais ascenderam aos 167 mil milhões de euros (250,5 mil milhões de dólares), segundo os dados da empresa de consultoria Bain & Co. Mas um novo estudo prevê que as vendas de vestuário e acessórios de luxo apresentem um crescimento entre 15% e 20% em 2009. Uma evolução que contrasta com a queda de 8% registada nas vendas de luxo na Europa e a queda de 16% no continente americano. «Na China, a recessão já tinha chegado ao fundo no primeiro trimestre de 2009, com a recuperação a acelerar nos últimos dois trimestres. As expectativas para o último trimestre são muito fortes», afirmou Bruno Lannes, responsável pela área de consumidor e retalho da Bain na China. As recentes declarações de resultados por marcas de luxo confirmam as previsões positivas. A Gucci apresentou um salto de 22% nas vendas da marca na China no terceiro trimestre e um aumento de 37% através das marcas do grupo, incluindo Bottega Veneta e Yves Saint Laurent. A Louis Vuitton revelou que as suas bolsas estão a vender «excepcionalmente bem» na China. Compradores pela primeira vez A forte procura resulta da elite rica da China, mas também dos milhões de pessoas que compõem a nova classe média e que estão de olho nas suas primeiras compras de luxo. Amanda Zhang, uma consultora jurídica de 28 anos de Pequim, comprou a sua primeira bolsa Chanel há alguns anos atrás e tem agora em vista um par de sapatos Jimmy Choo. «Todas as raparigas têm um sonho e o meu é ter uma bolsa Chanel 2.55», confessa Zhang. «Os consumidores chineses compram marcas de luxo como um símbolo de estatuto», afirma Lannes. «Trata-se de uma maneira de mostrar como a pessoa foi bem sucedida», acrescenta Mas os consumidores chineses são também motivados pelo desejo de qualidade elevada e valor pelo dinheiro, segundo Cindy Lee, directora sénior de vendas e de marketing da Longchamp, em Hong Kong. «Eles estão muito conscientes do que estão a comprar. Eles querem saber sobre os materiais utilizados, a origem do produto e como é feito», refere Lee. Isto significa que produtos utilitários, como bolsas, acessórios e roupas clássicas, estão entre os best-sellers. «Os consumidores de luxo na China querem uma bolsa que possam usar todos os dias e não uma blusa para usar uma vez no mês», disse Shaun Rein, director-executivo do grupo China Market Research (CMR), que recentemente realizou um inquérito aos consumidores de produtos de luxo na China. De acordo com Rein, esta tendência irá aumentar à medida que mais pessoas da classe média, que não têm dinheiro para viajar, aspiram possuir produtos das marcas de designer. Actualmente, 60% dos bens de luxo comprados por chineses são adquiridos em Hong Kong ou no estrangeiro, onde as mercadorias são mais baratas. Na segunda parte deste artigo, vamos continuar a analisar as previsões para o mercado de luxo na China, focando as dificuldades e estratégias das marcas no mercado.