John Moore, fundador e diretor criativo da marca de lifestyle Outerknown, acredita que, desde que está envolvido na indústria da moda, a passerelle sempre fez referências mais ou menos declaradas ao surf. As marcas de surf sempre estiveram atentas ao que acontece na moda, embora, segundo Moore, muitas delas provavelmente não o admitam. A apropriação e o fascínio, revela ao portal de moda Fashionista, «têm dois sentidos e duram há anos».
Moore cita a propósito designers como Proenza Schouler e Hedi Slimane, que muitas vezes exploram os estilos “surfer” e “skater” nas coleções que desenham.
Uma das coleções favoritas do fundador da Outerknown é a “Black Palms”, de Raf Simons, apresentada para a primavera-verão 1998. «Aqueles estampados de palmeiras ficaram-me na cabeça», reconhece.

Com uma receita anual de cerca de 7 mil milhões de dólares (aproximadamente 5,7 mil milhões de euros), a indústria do surf é pequena, mas poderosa – em comparação, o negócio do skate está atualmente avaliado em 5 mil milhões de dólares.
No entanto, o mais importante é que o negócio do surf está a crescer, com uma pesquisa de mercado a projetar que alcance os 9,5 mil milhões de dólares até 2022. Para isso, a indústria precisa de atrair um público mais vasto. A passerelle é uma ótima porta de entrada.
«A comunidade de surf é pequena, mas é protetora e impressionante. Espero ver muito mais dos dois mundos em colisão», afirma Kelia Moniz, surfista patrocinada pela Roxy, marca pioneira em surfwear feminino.
Costa portuguesa
Em território nacional, também as coleções da Seapath e da Pacifique Sud, da Onda Wetsuits e da Deeply se têm deixado inspirar pelo movimento das ondas.

A Pacifique Sud conta já com os vários modelos do seu popular Poncho Surf, peça de vestuário dedicada à prática desportiva que nasceu depois de os sócios terem percebido uma lacuna «na oferta de uma peça que é transversal a idades e géneros», como explicou o sócio João Freitas ao Portugal Têxtil (ver Pacifique Sud: roupa na rua).
Já o nome Seapath bebeu inspiração, precisamente, na paixão do fundador da marca, Mário Martins, pelo surf, «mas sobretudo pelo mar, daí acharmos que o nosso caminho para a felicidade seja o mar», indicou, também, ao Portugal Têxtil (ver Seapath na crista da sustentabilidade).
A Onda Wetsuits tem vindo a afirmar-se na costa portuguesa desde 1999 e, cada vez mais, nas águas do Velho Continente.

O ano de 2018, como pode ler-se aqui, será de novos desafios para a marca detida pela P&R Têxteis, com a entrada no mercado norte-americano, a parceria com a Praia do Norte na Nazaré – onde a marca testa os produtos – e o investimento na participação na feira americana Surf Expo.
Já a Deeply, referência do surfwear nacional, assumiu em 2017 novos desafios, sendo alvo de um rebranding e reforçando os laços que a unem a uma das maiores estrelas do surf nacional, Vasco Ribeiro.