Calças. O que hÁ para não se gostar? São confortÁveis, prÁticas, adequadas a todas as ocasiões e hÁ para todos os gostos. Não hÁ muito tempo atrÁs as opções eram mais restritas. Numa estação, as calças largas; na seguinte, as calças pelo tornozelo; na outra, as de corte masculino… Felizmente esses tempos jÁ lÁ vão. Esta estação hÁ cortes para todos os estilos e ocasiões: à marinheiro, de corte masculino, feitas à medida, largas, apanhadas, justas, de cintura descida, de cintura alta, todas as opções são vÁlidas. Sem esquecer as calças de estilo Árabe, à imagem das usadas na dança do ventre ou nos haréns das histórias, que prometem dar cartas este Verão. Claro que nem todas as mulheres se identificam com todos estes estilos de calças. Muitas vão simplesmente usar as calças de corte habitual, que levam para todo o lado e que se adaptam a todas as situações: com uma simples blusa de linho ou uma camisola de algodão acompanhadas por umas sabrinas para o dia a dia; com um top e umas sandÁlias para uma ocasião especial ou uma saída nas longas e quentes noites estivais. Todos os estilos são vÁlidos e o conforto é a nota dominante. Com efeito, as calças que hoje se vulgarizaram no guarda-roupa feminino foram uma “arma de arremesso” na história da luta dos direitos da mulher. Por volta de 1850, Amelia Jenks Bloomer, uma activista americana, resolveu adoptar as calças a apertar no tornozelo com uma saia por cima do joelho. As ciclistas femininas adoraram a ideia, mas foram as únicas. A própria Bloomer acabou por abandonar as calças devido, segundo argumentou, à maior leveza da crinolina (usada nas saias). Apesar das mulheres do campo do final do século XIX preferirem as calças, tal como as aviadoras do início do século XX, estas apenas foram aceites para serem usadas pelas mulheres durante a I Guerra Mundial, quando as trabalhadoras das fÁbricas de munições e as raparigas do campo iam trabalhar nos seus prÁticos fatos-de-macaco ou jardineiras. Na II Guerra Mundial, as actrizes de Hollywood adoptaram e difundiram o visual, tornando-o chique, numa certa androgeneidade que emanava poder. Graças em parte às atitudes descomprometidas das actrizes que iniciaram a moda, como as divas Marlene Dietrich, Greta Garbo, Katharine Hepburn ou Lauren Bacall, as calças mantiveram um certo toque de autoridade, que perturbava e fascinava ao mesmo tempo os homens. O realizador John Ford desafiou uma vez Hepburn a jogar golfe a 100 dólares o buraco, mas depois levou a aposta ainda mais longe: Se perderes, vais pelo menos uma vez para o estúdio vestida como uma mulher». Ao que ela ripostou: E se eu ganhar, vais vestido como um cavalheiro?». Desde então, as calças fazem parte da indumentÁria feminina, com cortes e padrões diferentes que se ajustam a todas as mulheres. Embora sem o toque de poder que as caracterizou no passado, as calças são agora indispensÁveis e fazem parte das colecções das grandes casas de moda, como Ungaro, Yves Saint-Laurent ou Louis Vuitton, e do guarda-roupa de todas as mulheres, desde as figuras de topo da política (veja-se o caso de Angela Merkel e de Hillary Clinton) à mais comum das mulheres, sem que com isso percam a sua feminilidade e elegância.