Mesmo sem dados definitivos, Manuel Serrão, diretor do Modtissimo, confirmou ao Portugal Têxtil que os números subiram em todas as áreas. «Houve um aumento de 30% de compradores estrangeiros – não tenho os números finais, mas andarão entre os 300 e os 400 compradores internacionais», afirmou. «Nacionais também houve um interesse brutal, nunca tivemos tanta gente. Acho que nos dois dias ultrapassámos as 6.000 pessoas», avançou Manuel Serrão.

O tema desta edição, que se realizou a 26 e 27 de setembro, ficou, por isso, validado, com “Fashion Festival” a assumir-se como um lema para expositores e visitantes. «Escolhemos o tema “festival” porque nota-se que as pessoas continuam numa onda de “alegria no trabalho”. A têxtil é uma indústria que dá alegria e dá alegrias, as exportações estão a aumentar por alguma razão e sente-se isso nas pessoas», explicou o diretor do Modtissimo.


Dentro da Alfândega do Porto, os expositores confirmaram as afirmações de Manuel Serrão, com balanços positivos no final do salão dedicado à indústria têxtil e vestuário. «O primeiro dia foi muito bom a nível de contactos», indicou Daniel Simões, diretor de marketing e vendas da Top Trends. «Esta edição está a correr melhor. Os clientes são mais sustentados e já têm uma melhor ideia daquilo que querem», apontou, por seu lado, Rute Dourado, responsável comercial e financeira da Ruanjo. «Estamos com uma grande adesão de novos contactos que possivelmente serão novos clientes», acrescentou Maria Costa, CEO da Ruanjo, dando conta da visita de holandeses, franceses e alemães.


Do lado dos tecidos e acessórios, as opiniões regeram-se pela mesma bitola. «É uma feira que gosto muito de fazer. Aqui vêm fundamentalmente clientes portugueses mas, curiosamente, tenho tido mais visitas de clientes estrangeiros do que nacionais e todos têm respondido muito bem à coleção», adiantou José António Ferreira, gestor de mercado da Texser. «Esta feira está a crescer muito. É uma feira que tem muito para dar – na minha opinião estaremos a 10% ou 20% do potencial dela. Quando as pessoas perceberem o potencial desta feira, vai aumentar e não vai haver a possibilidade de meter aqui toda a gente», admitiu Luís Lima, diretor de produção e desenvolvimento da João António Lima Malhas.
Perspetivar o futuro

Na verdade, reconheceu Manuel Serrão, há já atualmente empresas que não têm tido possibilidade de expor no Modtissimo por falta de espaço, mas a organização está a tentar encontrar soluções para o problema. «Não é a Alfândega que está pequena. O que está pequeno é o parque de estacionamento, porque a Alfândega tem muito para crescer. Mas só podemos crescer quando crescer o parque de estacionamento. Nesta edição ficaram mais empresas de fora e nós lamentamos isso – temos, por exemplo, os têxteis-lar que estão “mortos” por vir e nós não temos aceite porque é mau crescermos ao número de expositores sem crescermos ao parque de estacionamento, já que o número de visitantes que consegue entrar é o mesmo e o número de expositores é maior», justificou o diretor do salão, que não põe de parte uma mudança na localização. «A próxima edição já está decidido que é no aeroporto [Francisco Sá Carneiro] – vamos ter mais espaço do que na última vez [em fevereiro] e não há problemas de estacionamento. Mas admito que se o problema do parque não estiver resolvido até setembro ou não houver promessas dessa resolução, possamos pôr essa questão aos expositores», revelou Manuel Serrão ao Portugal Têxtil.

Ministro da Economia em estreia


Além do reconhecimento dos expositores da importância do certame para os seus negócios, também o Governo não quis perder a oportunidade de conhecer o Modtissimo e, pela primeira vez, o Ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, esteve na Alfândega do Porto. «É a prova viva da saúde do sector têxtil e é também a prova que o sector têxtil encontrou uma nova vida na inovação. O que vimos nos produtos aqui presentes é o mesmo que já encontrei em muitas feiras onde tenho acompanhado as empresas portuguesas na Alemanha, em Itália, em França e em muitos outros países», referiu, aos jornalistas, Caldeira Cabral, que no currículo conta já visitas à Heimtextil (todos os anos desde 2016 – ver Ministro da Economia distingue têxteis-lar), à Première Vision Paris (ver Lição de bons têxteis em Paris) e à Ispo Munich (ver Portugal marca pontos na Ispo).

Durante cerca de uma hora, o Ministro da Economia cumprimentou os expositores, tirou fotos, esteve atento às explicações sobre produtos inovadores, nomeadamente no iTechStyle Showcase – como o casaco com iluminação inteligente com fibras óticas da Scorecode, que foi elogiado pelo governante por ser «muito giro» e pela funcionalidade, para, por exemplo, «quem faz o seu jogging às 7 horas, quando ainda está escuro» –, questionou as empresas sobre os negócios e ouviu algumas das preocupações atuais da indústria – nomeadamente a desvalorização da lira turca, que está a afetar a competitividade nacional, mencionada por José Armindo Ferraz, CEO da Inarbel, que detém a marca de vestuário infantil Dr. Kid.

No final, Caldeira Cabral destacou a qualidade nacional e a presença de visitantes internacionais no salão. «Impressionou-me ver bastantes estrangeiros aqui a fazerem compras, à procura de fornecedores, mas impressionou-me também ver um conjunto muito grande de empresas – algumas já tinha visto nas feiras internacionais – e perceber que elas compreendem que hoje também aqui no Porto há uma centralidade para promover os produtos portugueses», resumiu o Ministro da Economia.
Manuel Caldeira Cabral teve ainda tempo para marcar presença na apresentação do livro “Da tradição se fez futuro: 30 anos de indústria têxtil portuguesa”, que compila algumas das crónicas de Paulo Vaz, diretor-geral da ATP-Associação Têxtil e Vestuário de Portugal no jornal “Vida Económica”.