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Moncler compra Stone Island por mais de mil milhões

A marca de luxo fechou a aquisição da sua homóloga com ADN streetwear Stone Island por 1,15 mil milhões de euros, o que pode, de acordo com vários especialistas do mercado, sinalizar a intenção de criar um grupo multimarca com as cores italianas.

[©Moncler]

A Moncler, que se tornou uma das marcas queridas da indústria de luxo nos últimos anos, depois da reestruturação, sob a alçada do presidente-executivo Remo Ruffini, tem sido considerada pelo mercado um potencial alvo de aquisição por grandes empresas internacionais.

Neste sentido e à medida que se sentem pressionadas pela crise pandémica, que diminuiu a procura e expôs o sector à dependência dos turistas chineses, as marcas veem-se obrigadas a encontrar novas formas de atrair clientes. «É o momento certo, porque num momento tão difícil, [o acordo] ressalta a resiliência da Itália», afirma Remo Ruffini.

Uma pessoa próxima da realização do negócio revelou à Reuters que a compra da Stone Island pode simbolizar o primeiro passo para a criação de um centro de luxo italiano numa indústria dominada pelos gigantes de luxo franceses LVMH e Kering, que já adquiriram várias marcas italianas ao longo dos últimos anos. Uma perspetiva também partilhada por Luca Solca, analista da Bernstein, que denominou o movimento como o «capítulo dois» da Moncler, apoiando a possível criação de um grupo multimarca.

Fundada em 1952, a marca especialista em vestuário desportivo e de montanha, apenas conseguiu o status de luxo com a chegada de Remo Ruffini às principais funções da Moncler, cujo valor de mercado está nos 11 mil milhões de euros. No ano passado, a insígnia atingiu os 1,6 mil milhões de euros em vendas, mas registou uma recessão causada pela pandemia, à semelhança do que aconteceu com a maioria das marcas em tempos de Covid-19.

Duplicar as vendas

A Stone Island, por seu lado, é uma marca popular entre os consumidores da geração Z, que estão a impulsionar o crescimento futuro da indústria de luxo. Com presença significativa em Itália e também na Europa, a marca de streetwear necessita, no entanto, de eclodir, mais ainda, na China e nos EUA, já que as previsões para este sector apontam para que os compradores chineses sejam responsáveis por quase metade das compras globais de artigos de luxo até 2025.

[©The Sole Supplier]
A marca italiana de streetwear contou com um crescimento nas receitas de dois dígitos nos últimos meses e estima, apesar da situação atual, um aumento de 1% nas vendas, para 240 milhões de euros, em 2020, o que denota um cenário positivo perante o declínio médio de 23% sentido nas vendas deste sector a nível global.

«Isso lembra-me muito do que a Moncler era há 10 anos, acredito que tem um grande potencial de crescimento» refere Remo Ruffini ao mencionar que pretende duplicar as vendas da Stone Island num prazo de cinco anos.

As ações da Moncler subiram 4% em Milão, depois de ter sido anunciada a aquisição da Stone Island, um passo que fará com que a marca dirigida por Remo Ruffini deite a mão a mais de 50% da insígnia de vestuário de streetwear detidos pelo proprietário e CEO Carlo Rivetti e também a 19,9% controlados por outros membros da família.

O pagamento será feito, uma parte, em dinheiro e a outra metade com as próprias ações para a Stone Island, o que proporciona à família Rivetti 10,7 milhões de novas ações da Moncler a um preço fixo de 37,51 euros por ação. O próximo passo é comprar os 30% restantes, pertencentes ao investidor Temasek, de Singapura, que possui uma pequena participação na Moncler.

Segundo a Reuters, o negócio deverá estar concluído no primeiro semestre de 2021.