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«Não acho que se vá fazer já o funeral à indústria»

No último dia, a caravana têxtil da IACDE foi até Barcelos e deu provas de que ainda acreditava no poder da inovação.

A indústria têxtil tem centenas de anos de tradição, mas isso não quer dizer que não esteja já com os pés firmes no futuro. Luca Mosso, da construtora italiana de máquinas Macpi, esteve no encerramento da convenção da International Association of Clothing Designers and Executives (IACDE), “The Apparel Caravan Next Stop: Digitalization”, que teve lugar de 26 a 29 no Porto, e afirmou não concordar com algumas previsões, como a de François Rousseau, diretor-geral da Chargeurs Fashion Technologies, que acredita que esta questão é complicada para a indústria (ver Não sejam robôs. Sejam humanos. E boa sorte). «Há inovação no tecido, design, fechos e outras coisas, e por isso não acho que se vá fazer o funeral à indústria. É isto tudo junto que faz a inovação», referiu.

Luca Mosso

O responsável veio apresentar soluções de tecnologia seamless para o sector, numa altura em que a digitalização, debatida na convenção, marca todas as tendências. «A tecnologia sem costura ainda está em evolução, mas a crescer, sobretudo no vestuário de performance», assegurou. Começou a ser usada sobretudo em roupa interior, mas nas últimas décadas espalhou-se para outros segmentos, nomeadamente o médico, mas não só. «É moda agora, com fitas decorativas que são mesmo aplicadas por cima de costuras tradicionais, para bolsos a prova de água, camisas, gabardinas, sapatos, mochilas. E em produtos como joelheiras e outros para proteção, sem irritar a pele», apontou Luca Mosso.

Azfar Hasan e Deniz Thiede

Do Paquistão, Deniz Thiede e Azfar Hasan, da empresa Triple Tree, deram conta, perante uma plateia de especialistas, como é possível levar a cabo auditorias aos fornecedores das grandes marcas de forma interligada e quase sem ter que visitar os locais de fabrico. Através de três aplicações, a empresa monitoriza todos os dados das inspeções em tempo real e utiliza-os para introduzir melhorias nos fornecedores, que, por vezes, estão muito desconectados dos grandes clientes. «Trabalhamos com a Nike e eles há mais de 10 anos que não vão lá. E trabalhamos com empresas que não querem mandar os seus inspetores» ao Paquistão, por exemplo, adiantou Deniz Thiede.

Jodi Cortina

Já o CEO, Azfar Hasan falou da velocidade cada vez maior da moda. «Da fast fashion à ultrafast fashion, as tecnologias são cada vez mais usadas para aumentar a velocidade do mercado e das entregas», salientou, citando o exemplo da capacidade de reação muito rápida da Zara. Esta nova tendência precisa de técnicas de inspeção da qualidade dos fornecedores cada vez mais céleres.

Giulio Lanfranconi

Da Freudenberg, que entre o seu variado portfolio conta com soluções para a indústria têxtil, Jodi Cortina anunciou um projeto para vendas online, numa plataforma B2B (business to business) que o grupo está a lançar, para aproveitar o crescimento do mercado neste segmento, e que tem estreia marcada para 2019, na Europa, mas com planos de crescer para outras regiões. A empresa, que produz entretelas para roupa de homem e senhora, possui seis fábricas na Europa, China e Canadá, para estar «mais perto dos clientes», explicou Giulio Lanfranconi.

Nicole Obloj

Nicole Obloj detalhou os esforços da Freudenberg na promoção de uma política de sustentabilidade, que abarca poupanças de água, energia e diminuição drástica do uso de materiais perigosos.

P&R Têxteis

Para fechar o dia com chave de ouro, a caravana da IACDE rumou a Barcelos em visita à P&R Têxteis, dedicada à produção de vestuário de alta performance e desporto usado, entre outros, pelo jamaicano Usain Bolt. Com 36 anos de vida, o grupo aumentou recentemente a área produtiva e exporta quase 100% da produção, revelou o fundador Nuno Pinto, durante a visita.