Até recentemente, Han Huohuo era apenas um blogger de moda chinês de 20 e poucos anos. Hoje está na fila da frente dos desfiles de moda europeus e fica lado a lado com a editora da Vogue chinesa. Mais de um milhão de pessoas segue atualmente o famoso blogger de moda no Weibo, a resposta da China ao Twitter, e um website de referência listou-o recentemente entre os 20 mais influentes da indústria. O estilo extravagante do jovem de 28 anos prefere clutches de senhora, calças pretas justas e ocasionalmente saltos altos e a paixão pela indústria da moda granjearam-lhe fama num país onde os ícones de moda estão a começar a emergir apenas agora. Os especialistas afirmam que a sua rápida ascensão à celebridade nos últimos quatro anos foi alimentada por marcas internacionais, ávidas por se agarrar a alguém que tenha influência na China que deverá tornar-se no maior mercado de luxo do mundo até 2015, segundo uma previsão do Boston Consulting Group. «Há tantas marcas de luxo a gastar dinheiro na China e estão a agarrar-se a pessoas que têm algum tipo de influência», afirma Chloe Reuter, que gere a agência de comunicação de luxo Reuter PR em Xangai. «É extraordinário o tipo de coisas que recebem. Voam em primeira classe e têm motoristas. Como tudo é novo, as pessoas estão basicamente a ser catapultadas para segmentos exclusivos algo que pode demorar muito mais tempo em qualquer outro local», acrescenta. O estilo pouco convencional de Han destacar-se-ia em qualquer lado, mas na China é particularmente insólito. O seu microblogue com um background com estampado leopardo apresenta vários retratos dele próprio a percorrer as ruas da cidade em calças de couro, bolsas de designer, casacos de pelo e pulseiras de ouro. Parte da sua cabeça está rapada, enquanto o resto do cabelo é comprido e penteado para trás como uma crina. Nem toda a gente gosta do seu visual, chegando a categorizar o seu estilo feminino como «anormal» e «malvado». «É como a Lady Gaga», revelou Han em entrevista, referindo-se à estrela pop conhecida pelos seus figurinos extravagantes. «Muitas pessoas criticam-na, mas muitos estão também a elogiá-la porque ela fez o que outros não se atreveram a fazer. A razão pela qual chamo a atenção é que fiz o que outros não se atreveram a fazer», explicou. «Acho que encorajei muitas pessoas», sublinhou. Celebridades do nada Han é agora tão conhecido que diz que às vezes veste-se de forma menos exuberante quando sai para evitar ser incomodado para tirar fotos. Muitos dos seus fãs simplesmente seguem-no na sua conta no Weibo. «Vou ver muitas vezes. Ele tem as suas próprias ideias e opiniões», confirma Jiang Li, uma estudante de design no Beijing Institute of Fashion Technology. «Vemo-lo como um dos ícones de moda mais trendy», refere a sua colega de turma, Guan Jiao. Han entrou na moda cedo e quase por acidente. Aborrecido com a universidade, saiu para trabalhar como escritor de viagens para uma revista de Pequim que decidiu lançar uma secção de moda. A administração escolheu Han para gerir a nova secção simplesmente porque era a pessoa mais nova do escritório. A partir daí tornou-se editor na versão chinesa da revista Marie Claire, onde construiu o seu conhecimento de moda e rede de contactos, saindo quatro anos depois, em 2010, para iniciar os seus próprios projetos. Agora a sua fama estende-se até ao topo do mundo da moda, incluindo a editora da Vogue chinesa, Angelica Cheung. Cheung considera que bloggers como Han «são muito bons em termos de influência junto desta geração mais nova de consumidores», mas adverte que podem perder a sua posição tão rápido quando a conquistaram se apenas postarem visões não informadas ou pouco originais. «Certamente que estes bloggers de moda criam muitas celebridades do nada», explica Cheung. «Os únicos que irão perdurar são aqueles que têm realmente conhecimento sobre a indústria da moda. Mesmo com Han Huohuo, ele ainda é novo. Tem ainda muito que aprender». Outras vozes estão também a surgir na moda não apenas personalidades da Internet como Dipsy (270 mil seguidores) e Leaf Greener (30 mil seguidores) mas artistas como Yi Zhou, modelos como Du Juan e editores como Cheung, aponta Chloe Reuter. À medida que procura estabelecer-se para além do seu blogue, Han trabalhou igualmente com marcas como a Linea Rosa, sedeada em Hong Kong, para desenhar calçado e vestuário, compilou um livro de fotografia de moda e apareceu como jurado num concurso televisivo de design de moda. Han considera que o seu estilo evoluiu para roupas mais simples como t-shirts, embora acessórios ousados sobretudo bolsas de senhora sejam ainda um must. «Os acessórios têm de sobressair», afirma. «Gosto mesmo de clutches de senhora porque acho os acessórios de homem muito feios São impossíveis de usar. Não me interessa o que as pessoas dizem. O que eu penso é que eu gosto deles e isso é o mais importante», conclui.