Para descobrir o que está reservado ao crescente mercado de estilo de vida masculino, a empresa de consultadoria de tendências Peclers Paris analisou o mundo à procura de comportamentos do consumidor, arte, cinema, design de produtos de alta tecnologia e o crescimento das redes sociais. Emma Fric, diretora de investigação e previsão, apresentou uma série de retratos do homem urbano no seu habitat pós-industrial do século XXI, da Europa aos Estados Unidos, passando pelo Japão e América Latina. Primeiro existe um grupo com idades entre os 15 e os 30 anos, uma geração interligada que cresceu na era da internet. «Estamos a lidar com uma geração de homens que realmente abraçam a flexibilidade como modo de vida», explica Emma Fric. Muitos terão carreiras caracterizadas como freelancers polivalentes, como músico/designer/consultor. Os seus gostos são igualmente diversificados, com uma abordagem de mistura de culturas em relação à moda e à estética. E, tendo crescido com jogos de computadores, eles esperam divertir-se como consumidores. Como o metrossexual, estes jovens estão dispostos a gastar dinheiro num fato, num esfoliante para o corpo ou na mais recente engenhoca tecnológica, mas esta é também uma geração que não se leva demasiado a sério. O humor é uma parte importante do conjunto: o gosto pela brincadeira absurda e a autodepreciação cómica, ao estilo dos clipes que são frequentemente virais no Facebook ou no YouTube. Como os jovens ao longo dos tempos, desafiam o sistema, mas acreditam numa mudança por dentro, usando novas formas de consumo, como grupos de compras para que as marcas ouçam as suas preocupações. Depois existe uma segunda família de homens geralmente mais velhos, muitas vezes mais abastados que cultivam o gosto singular, valorizam os valores e o luxo tranquilo. «Estes são os homens que dizem: O mundo em rede é muito bonito, mas e a minha vida privada? A individualidade?», refere. Muitos vão ser anticonformistas, com «uma margem subversiva, que não se encaixa no molde», afirma Fric. Alguns vão prosperar com a ideia de anonimato, de recriar o sigilo num mundo onde tudo está em exposição, uma tendência refletida pela influência de artistas de rua anónimos como Banksy ou o sombrio grupo de hackers on-line Anonymous. «Menos é mais» é o lema para estes homens, que procuram formas escondidas de aumento de desempenho, em vez de designs chamativos. Para responder a esta procura, está a surgir uma oferta crescente de roupas e produtos personalizados com as novas tecnologias, como imagens corporais 3D a tornarem acessíveis os produtos feitos por medida a um público muito mais vasto. Finalmente, chega o homem empenhado na reconciliação entre a natureza e a sociedade moderna. «Este é um tipo de masculinidade reforçada por uma dimensão espiritual através de uma ligação com o mundo natural», indica. Entre os sinais desta filosofia incluem-se a tendência MovNat, a espalhar-se dos Estados Unidos para a Europa, que exorta os homens e as mulheres a estarem em forma movendo-se como animais, subindo a árvores com os pés descalços ou dependurando-se de cabeça para baixo.