De acordo com uma nota do Deutsche Bank, a categoria de vestuário athleisure está a roubar o estatuto às peças de roupa clássicas. «O vestuário desportivo impulsionou, em média, a indústria em 4,1%, entre 2008-2015», escrevem os autores, citados pela Quartz. «Enquanto isso, o vestuário não-desportivo cresceu apenas 0,2% durante o mesmo período». Os analistas anteveem o aumento da disparidade entre o vestuário atlético e não-atlético nos próximos anos.
A atual paixão dos consumidores pelas calças de yoga (leggings), camisolas desportivas e outros artigos de activewear é boa para as vendas, sobretudo para de vestuário feminino (ver Marcas no ativo), a menos que o retalhista não inclua na oferta este tipo de artigos.
As cadeias de moda tradicionais têm remetido as fracas vendas à falta do cardigan ou blazer ideais e o denim não tem ajudando. Os skinny jeans transformaram-se no bode expiatório para a falta de novidade, temática que os analistas apontam frequentemente como uma das razões para a quebra nas vendas (ver A substituição dos skinny jeans).
A tendência de uma década não vai desaparecer tão cedo, contudo, lembram os analistas, por que motivo comprar um novo par de skinny jeans, quando o modelo já mora no armário há vários anos? «Continuamos preocupados com o facto de não haver um substituto claro para os skinny jeans», referem os autores da nota do Deutsche Bank, considerando necessário o nascimento de «uma nova silhueta» que possa «inspirar as mulheres a atualizarem os seus armários».
Os clientes podem, no entanto, não estar à procura de um novo par de jeans. As compras atuais de muitos consumidores distanciam-se do denim a favor de peças elásticas e confortáveis, englobadas no mercado em florescimento do athleisure (ver 12 meses de athleisure).
Marcas icónicas de jeans, como a Levi’s, reconheceram recentemente que estão a sentir a invasão das leggings no seu território (ver O novo “It”). E, porque athleisure é quer uma mudança de estilo de vida, quer uma tendência da moda, é improvável que desapareça no curto prazo.
Um relatório do ano passado do Morgan Stanley apresenta o activewear como uma grande oportunidade de investimento, especialmente à medida que este vai ganhando estatuto na China e a crescente classe média do país começa a praticar desporto (ver Mudança de rota no consumo chinês).
A nota Deutsche Bank foca ainda o grande número de retalhistas que deverá fechar espaços comerciais para restaurar o equilíbrio dos seus negócios ao longo deste ano (ver Grandes armazéns em perigo).
Os retalhistas melhor posicionados para fazer a transição para a nova realidade do retalho, de acordo com o banco, são aqueles «com menos exposição ao vestuário não-desportivo feminino», com capacidade para vender online ou para competir com retalhistas low cost.