Os tecidos que tecem a moda da Primavera/Verão 2008 derivaram essencialmente de uma reactividade às correntes emergentes. Na ausência de novas pistas, as colecções estivais apostam então em valores seguros, levados pela fluidez e pelo brilho dos tecidos, especialmente acetinados. Os especialistas da tecelagem continuam a propor grandes estampados geométricos. A tradicional flor cede lugar às folhagens clássicas ou exóticas. Quanto ao sector do sportswear, os denims continuam a "perder" peso e exibem um visual mais subtil e controlado.Materiais fluidos e levesÉ a consequência do regresso da feminilidade, com as suas pequenas peças em malha dançante e os seus vestidos rodopiantes. É também o contra golpe das estações que não mudam de estação – o clima ameno do último Inverno foi a prova final, levando o consumidor a vestir-se ligeiramente durante toda a temporada. Em todo o caso, o tecido adoptou há já algumas estações um regime de emagrecimento, ao qual se mantém fiel. A malha de viscose, fluida como é desejada, pulula nas colecções estivais. O crepe de poliéster acompanha as silhuetas fluidas e vaporosas, muito em voga, enquanto que para as camisas, os especialistas aconselham o tecido de algodão com finas riscas ou em jacquard, assim como outras texturas ultraleves. Mesmo os especialistas dos lanifícios entram o jogo, privilegiando o linho como material estival.Cetim: o rei da estaçãoO brilho persiste mas abandona o fogo dos metais preciosos, para se apoderar de ligeiras cintilações. O tecido acetinado é, esta estação, o principal aliado para dar brilho, seja num liso ou num estampado. A mistura de fios sintéticos é igualmente utilizada para obter reflexos brilhantes, uma aparência que também encontramos nos tecidos irisados assim como nos calandrados. Se o acetinado é o efeito mais buscado, o brilho é, em geral, apreciado ao longo de toda a estação. Mas mais controlado e discreto que anteriormente. O tecido não deve ter um aspecto rutilante, mas sim sedoso, um pouco precioso. Deste modo, multiplicam-se os nacarados obtidos por revestimento ou por estampagem. Abundam também os tecidos de poliéster, de poliamida e mesmo de Lurex, mas com parcimónia, somente para conferir um efeito "glossy" no fundo de uma tela ou no pormenor de um jacquard. Natureza inspiradoraEm termos de decoração para o segmento feminino, a flor prevalece como referência, quase incontornável. Mas mais do que corolas germinantes, as colecções alardeiam folhagens. Não se trata da uma nova vaga de camuflagem, mas as versões primaveris privilegiam a sobriedade e o refinamento.Plantadas frequentemente sobre cetins, tecidos de algodão ou jerseys de viscose, os vegetais da estação são estampados em tons escuros (preto, caqui, cinza ou chocolate) sobre fundos neutros (branco ou cru). Estas ramagens, plantas exóticas ou cascas de árvore aparecem por vezes sobrepostas para toldar a visão. Em síntese, a flora quer-se mostrar, mas com personalidades múltiplas. Os tons variam numa miríade de verdes, desde o anis ao caqui, inspirando-se em viagens à savana africana e a praias havaianas. Geometrias com vistas largasProva suplementar de que a moda demarca-se das florzinhas, a próxima estação estival sucumbe à geometria, nas mais variadas interpretações, desde os pequenos desenhos das gravatas até às grandes formas ícones dos anos 70. Grandes desenhos gráficos ou pop, frequentemente coloridos, seduzem uma panóplia variada de peças. As propostas proliferam: grandes círculos justapostos com pinceladas psicadélicas ou pequenos círculos bem alinhados; ondulações aciduladas e formas que se cruzam ou riscas em zig-zag; quadrados em todos os seus estados. Mas se, por vezes, a interpretação dá livre curso às dimensões e aos coloridos, a realidade comercial trava a criatividade exacerbada.Sportswear bem comportadoUma coisa é certa, os tecidos para sportswear são mais leves esta estação. Não só os denims perdem peso, mas também o trabalho e o visual das telas. Estruturas simples, relevo tímido, sublimação apenas por uma "deslavagem" suave, clarões pouco acentuados são as palavras-chave da oferta da estação. E isto aplica-se tanto às telas destinadas a calças como aos tecidos para camisaria.Prova de que o sportswear virou a página das deslavagens intensas, dos tingimentos sobretingidos, em resumo, dos enobrecimentos alambicados, os tecidos apresentam stone-washes discretas, o efeito da deslavagem permanece subtil, predominando a aparência natural e clean.Linho com todosA busca de fluidez e de semi-brilho relançou a moda das fibras artificias e sintéticas, após um período natural. No entanto, a viscose e o poliéster não ensombram o regresso em grande do linho. Muitas são as colecções que buscam o seu toque seco e a sua aparência rustico-natural. Frequentemente misturado com o algodão, as suas características são acentuadas pelo processo de tecelagem, pelo desenho de flores campestres ou pelo efeito "tie and dye". Grande paleta cromáticaDo neutro ao forte, os tons da estação não conhecem o meio-termo. O início da estação é anunciado pelos coloridos da neutralidade. O chocolate e o preto associam-se ao branco e ao creme. O azul-marinho procura um lugar ao sol, mas o cinzento impera na Primavera. Mas há também espaço para os esverdeados, os azulados, os amarelados e os esbranquiçados. Sem transição, a chegada do Verão corresponde ao mergulho num banho acidulado. O verde torna-se anis, o azul assume-se eléctrico ou turquesa e o amarelo adquire tonalidade cítrica.