A última edição da Semana da Moda de Londres foi um sucesso. Com 53 desfiles em seis dias, este certame marcou pela diferença e superou expectativas. Novas tendências, novos talentos e sobretudo muita originalidade foram os ingredientes de um evento que reconquistou o seu lugar no panorama mundial da moda. As tendências da moda londrina para a estação Primavera/Verão 2008 ditam cintos largos a evidenciar a cintura e vestidos que lisonjeiam a silhueta feminina. Mas há também tendências que são mesmo para ficarem confinadas à passerelle. Recorda-se do cabelo dos bonecos da Lego? Precisamente o cabelo de capacete parece estar de volta, pelo menos para Rodnik ou Paul Costello. A aparência das modelos já era estranha, agora imagine-se com aquele corte de cabelo no seu dia-a-dia. Provavelmente iria ser motivo de conversa, mas infelizmente não o seria pelas melhores razões. Outro dos estilistas em evidência e por dois motivos menos bons, foi Paul Smith que provavelmente se inspirou nos famosos livros do Harry Potter para criar as suas indumentárias. O feitiço virou-se contra o feiticeiro e Harry Potter só mesmo nos cinemas. De igual forma, Paul Smith apostou forte nas riscas horizontes em preto e branco a relembrar os reclusos. No video-clip "sweet escape", de Gwen Stefani, as riscas têm o seu charme, mas assim que a cantora se livrou da sua "tão doce prisão", também se livrou das referidas indumentárias que não são de todo uma escolha feliz. A maquilhagem também marcou pontos na passarelle, mas pode transformar-se num ponto negro fora dela. Ainda que em Kate Moss fique tudo bem, inclusive uma sombra extremamente escura na sua pele tão clara, o mesmo não se aplica a toda a gente, sobretudo aos homens sejam eles metrosexuais ou não. E o mesmo conselho deve ser dado aos homens que insistem em ter cabelos mais compridos do que as mulheres. Tal não funcionou com Michael Bolton, com Kenny G e nem mesmo com Ozzy Osbourne, por isso é altura dos homens aprenderem com estes erros e não voltarem a repeti-los.Uma risca preta, de um lado ao outro da testa, pode ter tido o efeito desejado no desfile da Fashion Fringe, contudo não parece ser uma boa escolha para usar na rua no próximo Verão, pura e simplesmente porque é inestético. Assim como os largos e demasiado delineados ombros quadrados, apresentados nas indumentárias de Roksanda Ilincic, capazes de deixar qualquer um K.O com um simples toque.Gareth Pugh, que ficou conhecido internacionalmente por ter participado num reality show denominado de "Fashion House", surpreendeu, ousou e foi original. Porém fica uma questão no ar… será alguma das suas peças de roupa "vestível" no dia-a-dia? A mesma questão poderá ser colocada à Noki House of Sustainability, de JJ Hudson, que foi exageradamente… diferente. Máscaras cirúrgicas e extensões de unhas com pêlo tornaram o desfile tenebroso e tiraram o protagonismo aos coordenados. O fatos-macaco ou a jardineira proposto pela Topshop e Nicole Farhi pode ficar muito engraçado em bebés. Mas, se já não usa fraldas, também não deveria usar este tipo de vestuário, porque nunca terá o mesmo encanto em si. Danielle Scutt é uma designer com muito talento, mas tal não desculpa as suas cintas ao estilo Lara Croft que não iriam sequer assentar bem em Angelina Jolie. Para finalizar, o estilo anos 80, visto em casacos ou túnicas da Ashish deixaram mais uma vez a certeza de que aquela não foi uma década de bom-gosto em termos de moda.