Há quem não misture negócios com família mas tal não se aplica na PBP Textiles, onde a família é a alma do negócio. A sigla PBP é disso prova: P de Paulo, o pai, B de Beatriz, a filha, e P de Paulo, o filho. A unir todos eles está ainda Maria Carla Guimarães, esposa, mãe e a quarta sócia desta empresa familiar especializada em roupa de banho.
«Sou filho de alguém que nasceu na costura – desde a minha bisavó que nascemos na costura. A minha mãe era gerente de empresas de confeção e sempre trabalhou para outros. Ela tinha talento, fazia vestidos de noiva em casa e eu às vezes ficava até tarde a ajudá-la. E fiquei com o bichinho», conta, ao Jornal Têxtil, Paulo Ferreira.
Este “bichinho” deu origem à empresa Maria Carla & Paulo Ferreira Lda, mais tarde rebatizada com o nome da marca própria, PBP Textiles, lançada em 2011. «A PBP foi criada para ser a marca própria e, na altura, mantivemos a outra empresa separada só para a prestação de serviços. Mas depois percebemos que não compensava ter as duas empresas», explica o empresário.
O valor da marca
Atualmente, a marca própria constitui cerca de 15% das vendas, mas a tendência é para que este número aumente. «Não representa muito porque ainda há muitos clientes que querem private label. Mas já estão aí alguns clientes, que é onde queremos chegar, que querem a nossa marca, por ser portuguesa, porque tem outro valor e outro impacto onde eles estão representados», revela o fundador da PBP Textiles.
Estes clientes são também, cada vez mais, internacionais, com a exportação a garantir atualmente cerca de 60% da produção da empresa. «O mercado nacional já representou 50% do nosso trabalho. Hoje ainda representa 35% ou 40%», afirma Paulo Ferreira, acrescentando que a importância dos clientes nacionais é a mesma dos clientes estrangeiros. «É-me indiferente se é mercado internacional ou nacional, desde que paguem. Os meus clientes de mercado nacional merecem todo o respeito porque pagam muito bem», sublinha.
Escandinávia e Japão na mira
A exportação iniciou-se já há alguns anos, pela vizinha Espanha. «Os primeiros clientes começaram por ser os espanhóis. Eles vêm às fábricas bater à porta», destaca o fundador da PBP Textiles. Hoje, no leque de mercados externos constam ainda França, Itália, Grécia, Suíça, Alemanha, Holanda, Estónia, Inglaterra, EUA e Equador. Na mira estão agora os mercados nórdicos e o Japão. «Temos que ter mercados que valorizem o nosso produto e que tenham uma margem maior, para podermos também investir no desenvolvimento de amostras. Sempre ouvi falar dos mercados nórdicos, que são bons, e gostava muito de ter clientes lá. Também sempre ouvi dizer que os japoneses valorizam muito o nosso produto e são muito cumpridores. Por isso são dois mercados que gostava de conquistar», esclarece.
A PBP Textiles investiu cerca de 150 mil euros nos últimos dois anos para melhorar o bem-estar da equipa de 22 trabalhadores, a que se junta o empenho de toda a família em diferenciar o produto e fazer crescer o negócio, que no ano passado atingiu o milhão de euros de faturação. «Investimos muito tempo no desenvolvimento de desenhos e de produtos», reconhece Paulo Ferreira. «Em todas as linhas, tanto bebé como criança e adulto, temos uma vasta gama. A de criança tem sobressaído por trabalharmos coisas bonitas: toalhas com pontos muito bonitos, robes com bordados…», realça.
Outra mais-valia da empresa é a sua flexibilidade. «Alguns clientes não têm capacidade de ir a fábricas grandes por causa das quantidades – connosco têm a possibilidade de começar com pequenas quantidades», destaca Paulo Ferreira.
De pais para filhos
Depois de 22 anos de atividade, a empresa tem já uma segunda geração ávida de dar continuidade ao projeto da família. Ainda a estudar, Beatriz Ferreira confessa que o curso de gestão que está a tirar «já é um bocado direcionado para um futuro numa empresa. Muita gente vai para o mercado e não tem noção no que é que vai trabalhar. Eu acabo por já ter essa noção», admite. Já o irmão, Paulo Ferreira, está há um ano envolvido na PBP Textiles. «Eu gosto. E não só por ter sido criado praticamente dentro de portas. Acho que tenho orgulho de trabalhar aqui, numa empresa que foi criada pelos meus pais, e como filho, não que sinta obrigação, mas gostava de dar continuidade», confessa.