Conforme o noticiado pelo jornal Público, e oito anos após o relatório e a sua receita sobre as vantagens competitivas de Portugal, Michael Porter esteve ontem de novo em Lisboa, onde afirmou que o país «perdeu oito anos de vida», e que as políticas seguidas, menosprezaram a microeeconomia. Porter manifestou ainda desconfiança sobre a «capacidade para mudar» da economia portuguesa, defendendo que não há prosperidade sem produtividade, e que o sector privado tem de tomar atitudes para resolver um problema que é do país e «não do governo». Todo este aspecto da situação portuguesa que Michael Porter trouxe a Lisboa, teve por base a comparação de uma série de valores do último relatório da Competitividade Global do Fórum Económico Mundial de 2001, do qual é co-autor, com o quadro de 1994. A partir desta altura, Porter considera então que a «posição competitiva da economia nacional piorou, enquanto o ambiente externo se tornou mais agressivo». Segundo o Público, o autor afirmou que o país «não se pode dar ao luxo de gastar mais tempo a permitir que os grupos de interesses bloqueiem o progresso, de falar sem agir». No que diz respeito a uma possível mudança de atitude portuguesa, o professor norte-americano responde que « é o que me preocupa mais. Mais do que as suas qualificações, o seu talento. A única coisa que não sei se consegue atingir é a capacidade para mudar». Em relação aos últimos anos de política económica, Porter defendeu que a prioridade dada às condições macroeconómicas para a entrada do euro, deve passar agora para a competitividade que segundo o mesmo, é o «pilar fundamental da prosperidade». Sobre o que há a fazer e face a um consenso nacional, Porter diz que a «única maneira de uma economia ser competitiva é aumentar sustentadamente a produtividade». O Público noticiava ainda que segundo Porter, «não é o que o país produz, mas quão sofisticado e produtivo é esse país a fazer o que faz», pelo que o problema de Portugal está na «sofisticação microeconómica», traduzida no ambiente da qualidade dos negócios, onde entram as infra-estruturas e a legislação e não nas condições macroeconómicas impostas pela adesão ao euro. Michael Porter diz no entanto não querer ser «superpessimista», mas mesmo assim acredita que acabou um período de convergência que beneficiou dos fundos estruturais, devido à extinção da desvalorização cambial. Desta «nova paisagem competitiva» fazem parte, segundo o mesmo, os países do alargamento da união Europeia ao centro e leste. Perante a possibilidade de que uma nova política para a competitividade necessite de novas instituições, tal como o Fórum para a Competitividade, em 1994, Porter deixou o aviso de que a competitividade «é uma maratona, não um sprint» e que os primeiros resultados aparecem entre «cinco, dez anos depois, ou até mais tarde».