Foi na P&R Têxteis que nasceu a roupa que Usain Bolt usou nos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012. E que vestiu Nelson Évora no seu momento mais importante. O atleta jamaicano devolveu a camisa autografada, que está agora numa espécie de “hall of fame” nas novas instalações da empresa, que acolheu uma comitiva da convenção da IACDE – International Association of Clothing Designers and Executives (ver «Não acho que se vá fazer já o funeral à indústria»).
A visita ocorreu a um sábado, mas nem por isso a empresa poupou esforços para mostrar aos visitantes a tecnologia de ponta usada para fabricar todo o tipo de têxteis de alta performance, sobretudo para o mercado de desporto. «A empresa tem 36 anos e começou pelo sector tradicional aqui da área de Barcelos, o chamado streetwear. E no início da década de 90 é que foi evoluindo num processo lento que demorou anos para criar um enfoque só na área de roupa de desporto. Tínhamos identificado este segmento e o seu potencial de crescimento, com oportunidades de diferenciação, produtos mais tecnológicos, matérias-primas mais sofisticadas e diferenciadas, fabricadas no cluster europeu» explicou Nuno Pinto, acionista e fundador da empresa.
Em Barcelos seguiu-se, assim, um caminho de aposta em valor acrescentado que muitas fábricas do mesmo sector só descobriram anos mais tarde, muitas vezes já em dificuldades, por causa da abertura dos mercados aos países asiáticos.
«A empresa tem clientes que são parceiros privilegiados com quem depois desenvolve negócios em todo o mundo – na Europa, EUA e Ásia. O nosso negócio é trabalhar para marcas de desporto. É esse o principal segmento da P&R, não só na Europa, mas também para insígnias americanas, japonesas, canadianas. Pelo menos nesses três continentes», adiantou Nuno Pinto.
Com cerca de 220 pessoas, a P&R Têxteis optou por um «crescimento que tem que ser sustentado em termos de portfolio de clientes para que se mantenham níveis elevados de serviço. Há novas oportunidades de negócio, a que, quer a administração quer a direção comercial estão atentas, mas depois é preciso ter correspondência em termos de capacidade de resposta», referiu o acionista da sociedade têxtil de Barcelos.
A P&R Têxteis «tem crescido gradualmente e há pouca rotação dos colaboradores, o que é bom sinal», garantiu Nuno Pinto, esclarecendo como o grupo gere a renovação de pessoal. «A própria empresa tem uma escola, uma academia já para formação, foi uma das medidas mais recentes e tem-se gerido isso de uma forma equilibrada», destacou. A empresa fatura perto de 15 milhões de euros ao ano.
Recentemente, a P&R Têxteis investiu cerca de quatro milhões de euros na remodelação das suas instalações, entre construção e equipamentos adquiridos.
Para este ano, as prioridades passam por manter o relacionamento com os atuais clientes e rentabilizar as melhorias realizadas na empresa.