O projeto Black Pigment Pilot pretende validar e escalar pigmentos pretos derivados de resíduos de matérias-primas, como carbono industrial, algas e madeira, para substituir corantes sintéticos e oferecer uma forma mais sustentável de produção têxtil com um impacto mais reduzido em termos de pegada de carbono.
«A colaboração é essencial para fazer uma rápida mudança a substituir os corantes perigosos que são muito usados na indústria, onde o preto domina», afirma Katrin Ley, diretora-geral da Fashion for Good. «Estamos muito entusiasmados por apoiarmos este projeto piloto colaborativo, o primeiro do género, para validar as três tecnologias que irão permitir à indústria mudar para uma química de corante (preto) mais sustentável», acrescenta.
O preto é uma das cores mais usadas no tingimento de vestuário, mas os corantes sintéticos modernos são muitas vezes derivados de compostos petroquímicos que não são renováveis e podem contribuir para a poluição da água se não forem tratados corretamente. O Black Pigment Pilot pretende desenvolver e escalar a produção de pigmento preto para o tingimento por esgotamento de fibras celulósicas artificiais e fio de poliéster reciclado e avaliar as tecnologias da Graviky Labs, da Nature Coatings e da Living Ink, que produzem pigmentos pretos a partir de emissões industriais de carbono, resíduos de madeira e resíduos de alga, respetivamente.
Até agora, a tecnologia tem sido apenas usada em estamparia. Para desenvolver formulações para o tingimento por esgotamento, as empresas serão apoiadas pela Birla Cellulose e pela Paradise Textiles. A Birla Cellulose traz o conhecimento técnico para a produção de tingimento por esgotamento de fibras celulósicas artificiais e a Paradise Textiles é conhecida pela sua coleção de tecidos sustentáveis e de performance, assim como pelos seus processos avançados e avançados de produção.
«A viscose tingida por saturação com pigmentos pretos provenientes de uma fonte sustentável pode revolucionar a indústria ao eliminar o tingimento têxtil com uso intensivo de químicos, os efluentes de águas residuais associados a este processo e ajudar a reduzir as emissões de gases com efeitos de estufa em todo o processo», salienta Aspi Patel, diretor de tecnologia do Aditya Birla Group, que detém a Birla Cellulose.
«Oferecemos pigmentos e corantes dispersos 100% de base bio», sublinha Palmer. «A indústria exige uma grande mudança dos pigmentos sintéticos atualmente usados para estampar e tingir têxteis. Estamos muito contentes por participar neste projeto que está a mover a agulha na direção certa», acrescenta a CEO da Nature Coatings.
Escalar a toda a indústria
A primeira fase do projeto-piloto irá decorrer até meados de 2022, com a Birla Cellulose e a Paradise Textiles a produzirem as primeiras fibras celulósicas artificiais e os primeiros fios de poliéster reciclado, respetivamente, usando os pigmentos pretos no tingimento por esgotamento. Os parceiros da Fashion for Good terão a oportunidade de avaliar a performance, a solidez de cor, a usabilidade e o impacto de todas as soluções.
«Para tornarmos a moda adequada para o futuro, é essencial que a indústria têxtil trabalhe em conjunto para reduzir o consumo de água e explorar oportunidades para tingir fibras sem metais pesados ou corantes sintetizados que podem afetar os sistemas biológicos», considera Lewis Shuler, diretor de inovação da Paradise Textiles.
Posteriormente, as soluções que funcionarem serão desenvolvidas para que o processo seja escalado além das fibras e fios, com o objetivo a longo prazo de integrar as tecnologias à escala comercial.
«O tingimento é, em si próprio, uma ciência, e dependemos de especialistas e inovações para encontrar soluções mais sustentáveis. Através deste projeto focado em corantes alternativos, esperamos encontrar soluções que possam beneficiar a Bestseller, assim como toda a indústria», confessa Anders Schorling Overgård, engenheiro de materiais sustentáveis na Bestseller.
«O Kering está constantemente à procura de inovações para reduzir o impacto da sua própria cadeia de aprovisionamento, mas também para catalisar a mudança dentro da indústria da moda e além», assume Christian Tubito, diretor do Material Innovation Lab do Kering. «O preto é uma cor usada frequentemente por todas as casas [de moda] dentro do grupo, por isso estamos muito entusiasmados por ver os resultados do Black Pigmento Pilot abrirem caminho para que estes corantes mais sustentáveis substituam os seus equivalentes sintéticos», conclui.