As vendas a retalho na Alemanha caíram inesperadamente em Janeiro, segundo os dados preliminares, com o inverno temperado a afetar as vendas na maior economia da Europa. Este indicador, claramente volátil, caiu 1,6% em termos reais de um mês para o outro, segundo os dados do Gabinete Federal de Estatística, falhando as previsões de ganhos de 0,5% na sondagem da Reuters de 19 economistas. Mas em termos anuais e reais, o mesmo indicador aumentou 1,6%, bem acima da previsão de 0,2%. «Os resultados de Janeiro são um desapontamento. Com temperaturas amenas para a estação, foi vendida muito menos roupa de inverno e artigos de desportos de inverno», indicou o economista Rainer Sartoris, da HSBC Trinkaus. «Mas o consumo pode melhorar durante o ano. O mercado de trabalho está bem e parece que os salários podem aumentar significativamente», afirmou. A economia alemã, direcionada para a exportação, recuperou rapidamente da crise económica mundial de 2008/2009, mas as preocupações com a crise da dívida da Zona Euro lançou uma sombra sobre esta economia europeia. Muitos economistas esperam pelo menos um trimestre de contração na Alemanha, à medida que se regista uma quebra da procura mundial e a crise da dívida da região afeta os seus mercados de exportação circundantes. A economia alemã retraiu 0,2% no quarto trimestre devido ao abrandamento das exportações e do consumo privado. Mas um sólido mercado de trabalho ajudou a impulsionar o consumo e os inquéritos aos consumidores continuam otimistas. A confiança dos consumidores atingiu o pico mais alto em Março e as vendas melhores do que o esperado, em termos anuais, de Janeiro, apontam para que o consumo privado venha a ser ser um ponto forte que aparte as más notícias. «As vendas estão mais elevadas do que no ano passado. Nessa altura estávamos a ver um impulso económico, agora estamos a ver uma quebra no crescimento», destacou Christian Schulz, economista no Berenberg Bank. «Isso mostra a resiliência do consumo privado, que pode estabilizar a economia durante a fraca época de inverno. Devido às baixas taxas de desemprego, o consumo será o suporte para o crescimento», acrescentou. O Gabinete de Estatística reviu em alta as vendas a retalho de Dezembro, para um aumento de 0,1% no mês, em comparação com a quebra de 1,4% anteriormente avançada. Em termos anuais, as vendas foram também revistas em alta, para um aumento de 0,3%, em comparação com a quebra de 0,9% indicada previamente.
