A bandeira americana dos Estados Confederados tornou-se o símbolo da indignação, depois do assassinato de nove homens e mulheres negros na Igreja Metodista Episcopal Africana Emanuel em Charleston, no estado americano da Carolina do Sul, a 17 de junho. O alegado atirador Dylann Roof, de um jovem branco de 21 anos de idade, é visto posando com a bandeira em fotografias publicada num site com conteúdo racista, considerado da sua autoria.
Os legisladores estatais da Carolina do Sul votaram, na última terça-feira, para iniciar um debate sobre a remoção da bandeira do recinto da sede estatal, depois do governador do estado Nikki Haley e outros terem solicitado a sua remoção. Uma busca no Google pela bandeira confederada reuniu diversas listagens de anúncios que ostentam a bandeira. Uma pesquisa similar realizada no site da Amazon resulta em dezenas de milhares de bandeiras confederadas e merchandising relacionado, como t-shirts e facas que utilizam a imagética confederada. «Nós determinamos que a bandeira dos Confederados viola as nossas políticas, que não permitem conteúdos geralmente compreendidos como expressões de ódio contra um grupo em particular», explicou um representante do Google em comunicado à agência Reuters.
A maioria das bandeiras e produtos relacionados encontrados na Amazon, eBay e Google oscilam entre os 5 dólares e os 50 dólares. Atualmente, um clique sobre uma bandeira confederada ou itens relacionados no site da Amazon conduz os utilizadores a uma página de erro. Ao anunciar a decisão de retirar bandeiras confederadas do seu portefólio de produtos, o eBay comunicou que a bandeira se tornou num «símbolo contemporâneo de divisão e racismo». O site, que possuía milhares de artigos que ostentavam a bandeira, incluindo vestuário, vai banir imediatamente a publicação de novos anúncios de merchandising e comunicar aos vendedores desses produtos a sua proibição. A maioria das plataformas Alibaba, incluindo os sites de compras online de elevada popularidade, como o Taobao e Tmall, são direcionados para os clientes chineses, embora o site Alibaba.com se concentre na venda de produtos fabricados na China para o exterior.
Os EUA representam uma pequena fração das vendas globais do grupo Alibaba, que tem sede na cidade chinesa de Hangzhou. A empresa tem-se dedicado particularmente à venda de produtos americanos em território chinês, desvalorizando, no entanto, o movimento contrário. A decisão de retirar imagética confederada surge na sequência da posição tomada pelos retalhistas e concorrentes Google Inc., Amazon.com Inc. e eBay Inc. e espaços de venda físicos, como o Wal-Mart Stores Inc. e Sears Holdings Corp. «O grupo Alibaba proíbe listagens de materiais etnica ou racialmente ofensivos nas suas plataformas.
Como tal, iremos retirar anúncios com bandeiras, vestuário e outras recordações que exibam imagens da bandeira confederada», anunciou a porta-voz da organização, Rachel Chan. A escala de vendas de artigos relacionados com a Confederação através da plataforma Alibaba não é clara. No entanto, uma busca no Taobao pelo termo “bandeira confederada” produziu ainda uma série de resultados. «Este é um grande sacrifício para os retalhistas? Não. Mas, simbolicamente, é um bom passo», afirmou David Satterfield, vice-presidente executivo de GF Bunting and Co., uma empresa de comunicação estratégica sediada na Califórnia. «Uma percentagem significativa da sua base de dados de consumidores sente-se completamente ofendida pelo que a bandeira representa, e não tem sentido continuar», acrescentou.
Paralelamente, a empresa Valley Forge Flag, um dos mais proeminentes fabricantes de bandeiras nos AUA, anunciou a intenção de parar o fabrico e a venda de bandeiras confederadas. Analistas do sector anunciaram que poderá levar algum tempo até que os retalhistas online, como o eBay, consigam efetivamente remover todo o merchandising publicado por entidades terceiras, dado o grande volume de produtos listados. O eBay possui 800 milhões de anúncios globalmente. A plataforma de comércio eletrónico Etsy também revelou a intenção de remover todas as mercadorias relacionadas com a bandeira confederada, entre os produtos de fabrico manual e artesanal anunciados.
As cadeias de retalho Dollar Tree Inc., Family Dollar Stores Inc. e Target Corp. Dollar General anunciaram não possuir merchandising relacionado com a imagética confederada. Juda Engelmayer, vice-presidente sénior da firma nova-iorquina 5W Public Relations, sustenta que a decisão dos retalhistas de retirarem a bandeira confederada poderá receber resistência por parte de um pequeno grupo de consumidores, acrescentando que isto poderia ter sido considerado há já vários anos. «Essa decisão está, provavelmente, muito atrasada, mas as ações dos retalhistas vão ser provavelmente recebidas de forma positiva», sublinhou.