De acordo com um estudo recentemente realizado pela Euromonitor International, e relatado pelo site Just-style.com, os consumidores de todas as classes e estratos sócio-económicos esperam comprar os artigos de vestuário ao mais baixo preço possível, mesmo quando parece iminente uma melhoria na conjuntura económica a nível mundial, na sequência das estratégias de preço adoptadas por grandes retalhistas como a Wal-Mart, Carrefour, Metro e Tesco.
Outro dos factores por trás da dinâmica revelada pelo mercado retalhista global é a mudança verificada no equilíbrio de forças entre os fornecedores e os retalhistas, a par da crescente procura por experiências de consumo que causem alterações mínimas nas rotinas diárias dos consumidores actuais. Por outro lado, a expansão dos retalhistas orientados para o mercado do chamado discount, incluindo as grandes cadeias especializadas e de massas, veio intensificar a concorrência neste sector. Além disso, os supermercados têm vindo a entrar em força na área dos produtos não alimentares, aplicando as suas políticas de preços baixos na Europa Ocidental.Ao mesmo tempo, a própria maturidade dos principais mercados mundiais e o crescente grau de concorrência nos segmentos mais altos, encorajou muitos dos maiores retalhistas de vestuário e calçado a expandirem a sua cobertura geográfica, tornando as suas operações verdadeiramente globais.
Como resultado desta evolução, os consumidores habituam-se cada vez mais a ver os preços baixos como a norma, e não como a excepção, graças às agressivas estratégias de descontos que passaram a chegar cada vez mais cedo no calendário do comércio como forma de enfrentar as difíceis circunstâncias da economia global nos tempos que correm, refere o estudo da Euromonitor International.
Neste relatório, a referida empresa de estudo e análise de mercado afirma que, como todos os consumidores estão na expectativa de encontrar os preços mais baixos e promoções, mesmo naqueles que mostram sinais exteriores de uma situação económica desafogada, têm vindo a proliferar as lojas e cadeias de retalhos especializadas neste formado comercial, referindo o caso das lojas 1 dólar nos Estados Unidos, e de cadeias como a Aldi e o Lidl, na Europa.
Na opinião do analista Raphael Moreau, co-autor do livro “The World Market for Retailing“, “é curioso constatar que as vendas das lojas de desconto não parecem abrandar, mesmo perante as difíceis condições económicas actuais, ou seja, este tipo de estabelecimentos e os seus preços constantemente baixos parecem ter vindo para ficar, independentemente da conjuntura económica do momento”.
Outra das ideias destacadas pelo estudo em questão é a importância da ideia de conveniência nas escolhas do consumidor actual.
Com efeito, desde 1998 que os maiores retalhistas mundiais, como a Wal-Mart e a Tesco, têm vindo a ganhar poder junto dos seus fornecedores e hoje em dia são capazes de ditar algumas das regras de produção e distribuição, que estes têm que adoptar nas suas próprias cadeias de desenvolvimento e fabrico.
Ao mesmo tempo, os consumidores já mostraram disponibilidade para pagar mais pelos mesmos produtos, se em troca isso lhes garantir a tão propalada conveniência, e este estudo confirma precisamente que há uma grande apetência pelos espaços comerciais que oferecem acessos fáceis e horários de funcionamento alargados, factores que conduzem naturalmente a uma subida nos preços médios dos artigos ali vendidos.
Como resultado, as ditas lojas de conveniência atraem cada vez mais as atenções dos grandes retalhistas, em particular nos mercados com grandes restrições legais à implantação de grandes superfícies comerciais, como por exemplo o Reino Unido.
“À medida que o retalho de conveniência tem crescido em popularidade, ele tem-se vindo a adaptar aos modernos estilos de vida”, conclui Raphael Moreau.