Os professores Ilkka Kilpeläinen e Herbert Sixta receberam o prémio (cerca de 182 mil euros) das mãos do rei Carl XVI Gustaf pela utilização desta nova tecnologia que permite uma forma diferente e mais sustentável de produzir fibras celulósicas artificiais.
A procura por fibras têxteis está a crescer devido ao aumento da população do planeta, que nos últimos dias atingiu o marco de 8 mil milhões de pessoas. «A produção de algodão, a fibra celulósica predominantemente usada em têxteis, não deverá acompanhar a procura. Por isso, as fibras artificiais de celulose são um excelente complemento ao algodão, já que têm propriedades semelhantes», destaca o comunicado do Prémio Marcus Wallenberg, um galardão internacional atribuído na Suécia que tem como objetivo «reconhecer, encorajar e estimular feitos científicos revolucionários, que contribuam significativamente para aumentar o conhecimento e o desenvolvimento técnico dentro das áreas importantes para a silvicultura e indústrias florestais».
Mudar o paradigma
Daí a investigação que tem sido realizada sobre diferentes soluções de solventes de celulose para produzir fibras regeneradas. Os líquidos iónicos têm atraído as atenções por serem alternativas mais ecológicas em diferentes processos. Estes líquidos são sais que podem ser fundidos a menos de 100 ºC e têm propriedades únicas, nomeadamente baixa pressão de vapor, alta estabilidade térmica e elevada capacidade de dissolução de diferentes substâncias orgânicas e inorgânicas.
Foram desenvolvidas, a partir de madeira, fibras artificiais de celulose com elevada qualidade técnica por duas equipas de investigação na Universidade de Helsínquia e na Universidade de Aalto, na Finlândia. Neste conceito, foi desenvolvida, e está atualmente a ser testada em termos de escala, a utilização de novos líquidos iónicos de superbase para processar a polpa de madeira e transformá-la em fibras têxteis de alto desempenho.
A equipa liderada por Ilkka Kilpeläinen, professor na Universidade de Helsínquia, desenvolveu solventes líquidos iónicos de superbase para a dissolução de biomassa de madeira, como, por exemplo, polpa branqueada ou não branqueada e celulose reciclada. Já o professor Herbert Sixta e a sua equipa, na Universidade de Aalto, desenvolveram o processo de formação da fibra com base em líquido iónico através da fiação húmida de jato seco.