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Riopele e Maconde desmentem deslocalização

As empresas Riopele e Maconde asseguram que não vão encerrar as suas fábricas em Portugal e que os postos de trabalho não estão em perigo.

Na sequência da notícia veiculada no dia 17 em vários órgãos de comunicação social, segundo a qual estas unidades estariam a estudar a hipótese de transferir parte da sua produção para a China, uma fonte da administração da Riopele contactada pelo Diário do Minho, assegurou que a fábrica está «de pedra e cal» em Pousada de Saramagos, Famalicão, e que as notícias vindas a público nos últimos dois dias são «pura especulação». Assim, «os cerca de 1700 trabalhadores daquela unidade podem ficar descansados quanto ao futuro».

Recorde-se que na sua edição de domingo, o “Correio da Manh㔠dava conta de que a administração da Riopele, apesar de não pensar em deslocalizar a empresa no seu todo, não excluía a possibilidade de estabelecer parcerias com a China ou com a Índia.

Em Macau, o presidente do conselho de administração da Maconde, que integra a comitiva de Jorge Sampaio ao Oriente, afastou a hipótese de encerrar fábricas em Portugal mas não de contratar serviços, como aliás já o faz, noutros países.

«A Maconde tem produção em Portugal, em fábricas próprias e sub-contrato», disse. Além disso, a marca tem fábricas e sub-contrato em Marrocos, tem produção na Roménia e na Bulgária.

Aurélio Silva considera que a Maconde tal como outras empresas portuguesas e europeias, «vão, no futuro, encarar a possibilidade de sub-contratar uma parte da sua produção na China». No entanto, este responsável adiantou que esta situação não significa que haja uma redução em Portugal mas «pode acontecer em Marrocos, na Bulgária ou na Roménia».

Por outro lado, o Presidente da Republica, Jorge Sampaio considerou absurdas as acusações dos sindicatos portugueses. «Tenho feito um esforço gigantesco de procurar sistematicamente e organizadamente internacionalizar a economia portuguesa. Esse é o meu esforço. Não ando aqui a viajar para brincar», disse.

Jorge Sampaio, que se encontra em Macau na última etapa da sua deslocação oficial à China, foi confrontado com acusações de sindicatos portugueses de que estaria, com as suas visitas oficiais, a promover a deslocalização da produção têxtil portuguesa para mercados muito mais competitivos pelos seus baixos salários, como é o mercado da China. Afirmou estar em Macau porque tem a noção de que existe uma «oportunidade única» de potenciar a relação Portugal/China/Macau. defendeu que se Portugal «não se prepara para a globalização que está em curso e se (os portugueses) perante alguns sectores continuarem a ter a mesma atitude de há 30 anos, então terão questões muito sérias do ponto de vista industrial e comercial em Portugal».

O Presidente da Republica disse que Portugal vive um momento difícil e que tem de olhar em frente para transformar os seus processos produtivos, ser mais competitivo à escala mundial e aumentar a sua produtividade sem prejuízo do respeito pelos direitos dos trabalhadores. A globalização galopante, como referiu, antes de dar oportunidades «dá muitas coisas extremamente negativas». Por isso, concluiu, se não se trabalhar então vão-se perder «grandes oportunidades», razão pela qual é necessário uma adaptação à economia global, usar uma tecnologia melhorada e aproveitar a capacidade portuguesa na inovação.