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Segurança é a chave para o regresso às lojas

Vai demorar algum tempo até que os compradores se sintam à vontade para voltarem às lojas físicas com o mesmo sentimento de segurança da pré-pandemia. Os novos estudos de consumo indicam que esta perspetiva será válida para os próximos três meses, mas há fatores que podem influenciar o processo.

[©ABS-CBN News]

Cerca de 71% dos consumidores americanos confessaram não se sentir muito confortáveis a visitar lojas físicas nos próximos três meses, revela um novo estudo da Nationwide YouGov and SafetyCulture.

Outro estudo elaborado pelo The Valley, um shopping ao ar livre no Reino Unido, concluiu também que, na maioria, os compradores do país sentem o mesmo em relação à segurança das lojas físicas e que para 50% dos britânicos é improvável visitar um shopping pelo menos nos próximos três meses. Até ao momento, os consumidores apontam fatores como a sobrelotação (66%), filas longas de espera (55%) e ansiedade contínua em relação ao distanciamento social (54%) como as principais razões para não frequentarem estes espaços após a reabertura.

Por outro lado, 57% dos cerca de 1.200 consumidores inquiridos nos EUA admitem que as empresas que fazem a limpeza e higienização de hora em hora durante o dia podem tornar-se mais confiáveis e credíveis comparativamente com as que não têm este tipo de procedimento.

As empresas que exibem uma lista dos cuidados de segurança e higiene aplicados diariamente nas áreas públicas das lojas e efetivamente os mostrarem a ser efetuados e cumpridos também aumentam a confiança e credibilidade na perspetiva de 53% dos inquiridos.

Desde os estudos efetuados ao consumidor pela First Insight durante o pico da pandemia, em abril, que mostraram que apenas 33% dos entrevistados se sentiam à vontade a fazer compras num shopping e 37% em grandes armazéns, pouco mudou no que diz respeito à visita dos compradores às lojas. A questão de experimentar roupa nos provadores foi também abordada pela pesquisa, que descobriu que 65% das mulheres e 54% dos homens não se sentiam seguros ao fazê-lo.

Guias de reabertura

A pesquisa incidente nos EUA foi lançada como parte da iniciativa “Safely Back to Business” um programa pensado para apoiar as empresas a nível global numa altura em que a segurança se tornou a principal prioridade de negócio do mundo, da SafetyCulture. A empresa digitalizou orientações dos governos e de outros sectores em listas personalizáveis. Os mais de 100 mil modelos de listas estão atualmente disponíveis online com o objetivo de ajudar as empresas nos esforços para protegerem os funcionários e clientes da exposição ao Covid-19.

[©Retail Connections]
A Cambridge Retail Advisors, outra empresa de consultoria, criou o “Store Restart Guide”, um guia informativo com sete passos que destacam o que é que os retalhistas têm de fazer para reabrir as lojas de forma rápida e segura. Na prática, além de terem de seguir as diretrizes do governo local, os retalhistas devem legitimar as condições da propriedade e o funcionamento de todos os serviços públicos, desde os serviços de rede aos sistemas de segurança. Depois de respeitarem estas etapas, os retalhistas devem readmitir os funcionários com base nas necessidades de reabertura das lojas e implementar políticas de higienização e distanciamento social.

O “Store Restart Guide” também recomenda que os retalhistas testem e preparem as lojas e tecnologias corporativas que estiveram meses paradas. Depois disso, os operadores de loja devem também rever o processo de inventário, como por exemplo promover um ciclo de inventário completo, incluindo inspeções às mercadorias de piso. Por último, deverá ser comunicada a reabertura das lojas, os novos horários e as regras aplicadas aos clientes, como o distanciamento social.

Garantir segurança nas lojas não se resume só a seguir as listas de verificação de limpeza ou os guias de melhores práticas, uma vez que os retalhistas têm de ter cuidado com o tom com que abordam os compradores face às normas implícitas a esta nova realidade, de modo a que se possam sentir seguros e não aumentarem os medos em relação às compras no pós-pandemia, noticia o Sourcing Journal.

Retoma animadora

A recuperação nalgumas áreas tem sido bem-sucedida até ao momento. Nas duas primeiras semanas desde que a maioria das lojas reabriu no The Valley, os resultados registaram 80% de movimento de pessoas e 90% do total dos gastos dos consumidores em comparação com os valores registados para este período no ano passado, o que é um indicativo de uma retoma animadora. «As nossas vendas fortes demonstram que o amor pelas compras feitas pessoalmente ainda continua a estar vivo. Shoppings ao ar livre podem ser o novo normal das compras», afirma Phil Maclean, diretor de retalho do The Valley. «Com muito espaço entre as lojas, grandes áreas ao ar livre para descansar, estacionamento fácil e gratuito e uma boa gestão de multidões para evitar grandes filas e sobrelotação tornam fácil de perceber porque é que as pessoas preferem este ambiente a shoppings lotados no centro da cidade», explica.

[©Internet Retailing]
O The Valley inquiriu dois mil consumidores no Reino Unido e descobriu que o ar livre (61% dos consumidores), mais espaço para cumprir as diretrizes de distanciamento social (50%) e corredores mais amplos entre as lojas (41%) são fatores que contribuem para que os consumidores queiram submeter-se a uma experiência de compra física.

Apesar de alguns compradores mostrarem a vontade de regressar às lojas, 61% dos consumidores britânicos ainda têm preocupações alusivas ao futuro dos centros comerciais, visto que três quartos revelaram estar mais preocupados agora do que antes do confinamento. Estas preocupações surgiram depois da Intu Properties, uma das maiores operadoras de centros comerciais ter entrado em falência em junho. A Intu, assim como alguns parceiros comerciais no Reino Unido, incluindo a Hammerson, têm enfrentado algumas dificuldades, com os retalhistas a adiarem os pagamentos das rendas e a tentarem reduzir o valor da rende depois de terem sido forçados a fechar portas durante três meses. Segundo a imprensa local, Matthew Roberts, CEO da Intu, optou por abandonar funções depois do shopping ter decretado insolvência.