A internacionalização é um conceito que esteve desde cedo enraizado na Solinhas, que exporta atualmente cerca de 60% da sua produção, mas a empresa quer uma maior segurança comercial e isso passa por dividir as suas vendas por outros países. «Estamos bastante dependentes do Magreb», explica, ao Jornal Têxtil, Serafim Fernandes, CEO da produtora de linhas, que tem uma filial na Tunísia. «Gostaria de exportar o mesmo volume em termos de percentagem da nossa faturação, mas mais diversificado, porque estes mercados do Norte de África são muito ingratos: procuram muito o preço e não são fiéis como são outros mercados que temos, nomeadamente a Alemanha e Espanha», admite o empresário.

O objetivo atual da Solinhas é, por isso, «ter uma melhor posição na Europa», adianta, por seu lado, a administradora Lurdes Fernandes, que assume o desejo de que «no futuro, as marcas colocassem a linha da Solinhas».
Feiras no topo da agenda
Nesta busca por notoriedade e reconhecimento além-fronteiras, a empresa está praticamente de malas feitas para uma primeira feira internacional. Vilnius, na Lituânia, foi o destino escolhido para a experiência, que terá lugar já em outubro. «Pensamos que nos vai permitir divulgar a Solinhas enquanto empresa e ir buscar um pouco aquele mercado da Alemanha e de toda a Europa de Leste, que nos interessa bastante. Já temos alguns clientes nessa zona e é uma área onde pensamos que podemos ter algumas oportunidades», explica Lurdes Fernandes.

Um primeiro passo para ganhar a experiência necessária para enfrentar certames maiores, como a Heimtextil, na área dos têxteis-lar, e a Première Vision Paris, na moda. «A Première Vision seria bastante interessante. Sair um bocadinho da caixa e tentar fazer uma estratégia ligeiramente diferente daquilo que temos vindo a fazer. Com o aumento da nossa capacidade, queremos procurar outros mercados de mais-valias e essa feira é o ex-libris de toda a indústria têxtil e vestuário. É uma montra e é isso que procuramos», afirma a administradora, que aponta setembro de 2019 para a possível entrada no certame parisiense.
Cor em toda a linha
A diversificação da Solinhas, que emprega 21 pessoas e tem uma produção mensal de 40 toneladas, passa ainda pelo produto, onde ostenta uma variedade enorme em termos de cores – em média 400 tons por referência – e opções capazes de servir os mercados mais díspares, dos têxteis-lar (que representam 60% das vendas no mercado nacional) aos bordados, confeção e até aos têxteis técnicos, onde as linhas ignífugas estão a ser apresentadas aos clientes. «Nós fazemos uma linha em que utilizamos uma fibra normal e depois aplicamos produtos químicos que a tornam resistente à chama até determinada temperatura», revela Serafim Fernandes, que reconhece que «os mercados não têm sido fáceis de mover da linha que normalmente utilizam», apesar do produto «ser competitivo, muito mais económico e com resultados semelhantes», enumera o CEO.
A nova estratégia da Solinhas poderá ainda dar um impulso para que a empresa mantenha o ritmo de crescimento a dois dígitos que tem vindo a registar nos últimos anos e ultrapasse a meta dos 4 milhões de euros de volume de negócios. «Foi um número que esta empresa nunca atingiu, mesmo nos tempos muito bons, em 2002 e 2004», refere Serafim Fernandes. Para Lurdes Fernandes, contudo, «o objetivo principal é mesmo tentar estabilizar e consolidar os mercados».