Ao contrário do que o próprio nome indica, em 2020, o streetwear não foi usado nas ruas, mas sim em casa, onde a situação de pandemia obrigou a passar mais tempo. Este segmento, contudo, continua a roubar a atenção dos consumidores, dando resultados notórios para as empresas como é o caso da VF Corporation, que arrecadou 2,1 mil milhões de dólares (1,7 mil milhões de euros) ao adicionar a marca americana Supreme à lista de opções para a geração Z.
Apesar disso e da popularidade do streetwear, as tendências que funcionaram em 2020 podem não estar certas para este novo ano e, por isso, a Edited, plataforma inteligente do mercado de retalho, explica, num relatório, a evolução deste segmento para 2021, divulga o Sourcing Journal.
Sendo uma categoria eternamente jovem que muda consoante os gostos e interesses de cada geração, o streetwear está preparado para uma transformação sustentável que reflita a consciência dos hábitos e valores de compra dos consumidores que a geração Z possui e que se verifica também nos grupos de faixas etárias anteriores.
Além disso, a sustentabilidade é uma das temáticas mais abordadas pela indústria e, por essa razão, não deverá ser mais um aspeto negligenciado pelo streetwear. No entanto, a mudança neste segmento, segundo a Edited, concentrar-se-á no «ambientalismo intersectorial», «uma versão inclusiva do ambientalismo que reivindica tanto a proteção das pessoas como do planeta». Esta vertente do ambientalismo, expõe ainda como é que as pessoas de cor são nocivamente afetadas pela produção irresponsável de vestuário.
Com a introdução do fast fashion que despertou o desejo de comprar mais e com maior frequência, a Edited aponta o streetwear como um dos responsáveis pela procura «fanática» com base nas tendências a curto prazo, nas colaborações e nos lançamentos. Juntamente com incorporação de materiais mais sustentáveis nas coleções deste segmento, 2021 será sinónimo de repensar os ciclos de lançamentos semanais das marcas de modo a desencorajar o consumo e evitar a sobreprodução.
Ao adotarem esta abordagem, as marcas vão influenciar as gerações mais novas como forma de incentivo à ação, pressupõe a Edited.
Detalhes e texturas
Na essência, o streetwear é um estilo de moda para pessoas que se movem contra a maré, mas não deixa de estar presente em muitos outros de forma mais abrangente.
Associado a este segmento estará também o desporto. «As influências do rugby, do futebol e do baseball são fortes nas coleções de streetwear e nos posts do Instagram», afirma a Edited, acrescentando que as retalhistas devem melhorar os enredos de merchandising com apontamentos desportivos nas peças em vez de artigos básicos.
Apesar de algumas previsões de moda terem feito referência a «tendências apocalíticas» para 2021, dada toda a situação de crise pandémica, o relatório da Edited antevê que o streetwear vai começar a implementar detalhes funcionais no vestuário em prol da aventura. «As vibes utilitárias estão no centro desta tendência graças principalmente à natureza funcional», explica a plataforma, que antecipa que as calças cargo, as camisas estampadas de manga curta e os chapéus balde regressem na estação quente com tecidos mais soltos e leves.
Atualizações ideais
Leais às marcas, os consumidores de streetwear juraram fidelidade a uma vasta gama de peças de vestuário que é agora essencial no guarda-roupa. Muitos desses artigos deverão sofrer uma atualização em 2021 que espelha a crescente procura pelos tons neutros e pela moda de longa duração.
Ainda na vertente utilitária, o shacket, a camisa-casaco que revelou ser um grande sucesso em 2020, surge agora em tons neutros e azeitona. «O conforto deve estar na frente e no centro ao conceber atualizações e a adição de fivelas, bolsos no peito e alças devem ter tanto de moda como de funcionais», sugere a plataforma.
Os casacos colegiais continuam a ser um ponto obrigatório neste estilo e as próximas tendências ditam inclusão e cores neutras para este clássico, que poderá ser mais apelativo com detalhes em couro.
Também em tons pastéis estão de volta os cardigans que, por serem em malha, constituem a «alternativa ideal» para a transição da vida doméstica à vida em sociedade.