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Têxteis-lar em baixa em França

O clima vivido no sector dos têxteis-lar, em França, não é de todo optimista. Segundo uma análise publicada no Journal du Textile, os acontecimentos internacionais da primeira metade do corrente ano terão contribuído para uma retracção no consumo de artigos têxteis para o lar e decoração, facto que leva os distribuidores e retalhistas franceses a concluir que este tipo de produtos não se encontra no topo das prioridades dos consumidores naquele país. Esta conclusão está patente numa análise realizada pelo CTCOE (Centro Têxtil de Conjuntura e Observação Económica), organismo integrado no IFM, o Instituto Francês da Moda, que levou em conta os dados relativos ao comércio de têxteis-lar no primeiro semestre de 2003. Assim, embora no referido período se tenha registado uma ligeira subida (1,9%) no consumo deste género de artigos, em França, a tendência geral aponta para uma certa estagnação, e nalguns casos para uma retracção nas compras efectuadas. Segundo o estudo mencionado, os têxteis-lar e os tecidos para decoração registaram um acréscimo igual, com diferenças apenas no que respeita aos circuitos de distribuição e venda. Assim, enquanto a VPC (venda por catálogo) revelou um decréscimo em relação ao período homólogo em 2002, baixando 10,8%, os retalhistas independentes e os hipermercados aumentaram as suas vendas, respectivamente 0,3% e 0,7%, no mesmo período. Por seu lado, as cadeias especializadas em têxteis para o lar viram as suas vendas descer 8,4%, ao mesmo tempo que os grandes armazéns registavam uma quebra de 0,5%, repartida entre o tecido vendido a metro (18,1%) e os têxteis-lar (3,6%). De uma forma geral, e continuando a análise ao sector dos têxteis-lar, o estudo do CTCOE revela que a roupa de cama (lençóis, cobertores, etc.) resistiu melhor a esta quebra nas vendas do que a roupa de mesa (toalhas, guardanapos, etc.), apesar de se terem verificado algumas diferenças entre as diferentes regiões de França. Muitos dos principais distribuidores deste tipo de produtos preferem não revelar os dados das respectivas vendas da primeira metade de 2003, optando por um prudente silêncio. Ainda assim, o estudo em questão refere os resultados alcançados por alguns dos maiores retalhistas franceses. Como exemplo, a cadeia Camif anunciou, no final de Maio passado, um ligeiro aumento (1%) nas suas vendas de têxteis-lar, beneficiando de um crescimento verificado em algumas das suas linhas de produtos, nomeadamente na roupa de cama (6%) e nos artigos de banho (18%). Os produtos da referida marca, apesar de serem distribuídos através de três canais diferentes – lojas próprias, catálogo e site Internet – beneficiaram igualmente de um melhor merchandising ao nível dos pontos de venda, com a implantação de um corner específico, decorado com cores identificadoras e apelativas. Outra cadeia, a Carré Blanc, que possui 205 lojas em França, registou igualmente um pequeno acréscimo nas vendas, durante o primeiro semestre do corrente ano. Segundo uma fonte deste retalhista, essa subida foi de 4,5%, tendo no mês de Janeiro atingido mesmo os 15%. No que respeita às prestigiadas Galeries Lafayette, no segmento dos têxteis-lar, somente algumas marcas registaram uma ligeira subida (3%), como foram os casos da Kenzo, Jalla e Jardin Secret, de acordo com Michèle Cazal, responsável deste departamento. Outros retalhistas, no entanto, parecem ter sido menos afectados por esta crise verificada no sector em questão. Tal é o caso da Caux Ton, cadeia especializada em roupa de cama e que conta com cinco lojas em Clermont-Ferrand, e que registou nos primeiros cinco meses de 2003 um aumento nas vendas, graças à renovação das suas colecções, que lhes permitiu chegar a uma clientela mais jovem, avança Catherine Fourtou. Também a Courtieu, cadeia que detém seis estabelecimentos em Lyon, alcançou bons resultados, tendo aumentado as vendas em 8,5% no período em questão.