A Papel d’Ouro usa resíduos provenientes de empresas da indústria têxtil e vestuário, que são depois macerados, triturados e transformados em pasta de papel, recorrendo apenas à adição de água, num processo manual que valoriza os desperdícios.
Como explica Sofia Gomes, fundadora e gerente da Papel d’Ouro à Ambiente Magazine, o papel é feito «folha-a-folha» através de «quadros em rede» e o resultado, com aplicações que variam desde convites a sacos, embalagens, cadernos ou até objetos decorativos, é «totalmente amigo do ambiente», já que as propostas têm uma lógica de «desperdício zero» e «promoção de uma economia sustentável».
A empresa está igualmente a diferenciar-se através da junção de «autenticidade, qualidade e intemporalidade» com «inovação», destaca Sofia Gomes, onde se inclui a «introdução de elementos eminentemente naturais (sisal, flores, ervas aromáticas, etc.) na pasta de papel», em primeiro lugar com uma finalidade apenas estética mas, atualmente, também com a «função do nosso papel 100% algodão poder ser plantado e dele germinarem sementes diversas».
Luta pela sustentabilidade
A sustentabilidade ambiental, de resto, é uma preocupação de Sofia Gomes, que acredita que Portugal está no caminho certo para responder a este desafio. «Estamos acima da média, nomeadamente ao nível de várias iniciativas que trabalham diariamente para construir um futuro mais sustentável», afirma. Exemplos positivos podem ser retirados nas áreas da alimentação, energia e educação, refere. Na indústria têxtil, contudo, Sofia Gomes sublinha que há ainda um longo caminho pela frente, tanto ao nível do consumo como de uma «produção mais sustentável», apontando que «73% dos têxteis produzidos acabam em aterros ou incinerados».
A pandemia gerou um novo desafio na utilização de materiais mais amigos do ambiente, uma vez que acabou por trazer mais plástico para o dia a dia. Para a fundadora da Papel d’Ouro, é fundamental a «substituição de plástico» por «outros materiais igualmente eficientes» na «adequação aos fins a que se destinam», principalmente na «área da saúde».
Sofia Gomes sugere ainda a criação de uma «plataforma marketplace» que facilite a partilha de informação e promova simbioses industriais, algo que seria importante para a atividade da sua empresa. «Na nossa atividade diária não é dado o devido reconhecimento» ou até «incentivo aos fornecedores “sustentáveis” por parte do Estado e entidades públicas», quando «estes deveriam ser os primeiros a fazê-lo», afirma em declarações à Ambiente Magazine.