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Têxtil europeu e Pascal Lamy em desacordo

Longe de chegarem a um consenso, a indústria de têxtil e vestuário europeia e o comissário europeu do Comércio, Pascal Lamy, estão de costas voltadas, noticia o jornal Público. Se por um lado Pascal Lamy acha que a ITV deverá fazer novas concessões em troca da redução dos direitos aduaneiros de países terceiros, por outro, os empresários têxteis europeus afirmam que já deram tudo, ou quase tudo, do que tinham para dar. Foi precisamente isto que Luísa Santos, directora de relações exteriores da Associação Portuguesa de Têxteis e Vestuário (APT), transmitiu ao Público, ao destacar as reivindicações dos empresários portugueses. «Queremos que os países terceiros reduzam os direitos até 15% e a indústria europeia não faz concessões adicionais enquanto isso não for tido em conta». Esta posição foi assumida durante uma reunião com Pascal Lamy, o qual a considerou, segundo Luísa Santos, de «proteccionista». Mesmo assim, a ITV europeia diz não voltar atrás na palavra porque, «o sector já deu muito em direitos aduaneiros e a nossa quota tem níveis muito inferiores – o máximo é 12 por cento para o vestuário e confecção, quando há alguns países que chegam aos 30 por cento». Por esta razão, Luísa santos afirmou que «para darmos mais os outros também têm que dar, porque nós já demos tudo». Durante a reunião realizada no Porto, a Euratex discutiu também a “guerra do aço” travada entre os EUA e a UE e as futuras consequências da mesma no sector têxtil, dado que, segundo Luísa Santos, há uma lista da CE a correr internamente, de produtos que poderão vir a ser objecto de retaliação por parte da UE, sendo 25 por cento deles bens têxteis. Esta percentagem está, naturalmente, a preocupar a ITV europeia, não exactamente pelo lado das importações para os EUA, mas «pelo que pode acontecer a seguir, porque os EUA podem entrar num ciclo de retaliação».