Pode em breve ser possível produzir nano-fibras com alto valor e alta resistência a um baixo custo, a partir de um produto bio-degradável e renovável, para o fabrico de filtros de ar, filtros de água e nano-tecnologia agrícola, conforme referido pelos cientistas de polímeros da norte-americana Cornell University. O resultado surge da utilização da recentemente aperfeiçoada técnica de «electrospinnig» para fiar nano-fibras a partir da celulose, a maior fonte de polímero renovável no mundo. Este desenvolvimento foi anunciado em Nova Iorque, na reunião anual da American Chemical Society, no dia 9 de Setembro. Foi desenvolvido um novo solvente para a celulose, que permitiu a produção de nano-fibras através do processo de «electrospinning». Os cientistas acreditam que venha a ser possível o fabrico de fibras, a partir da celulose, com resistência semelhante à do Kevlar. A técnica de «electrospinning» da celulose à escala nano foi usada com sucesso, pela primeira vez, há alguns meses atrás. Este processo envolve a dissolução da celulose num solvente, a extrusão da solução polimérica e a aplicação de uma voltagem elevada durante o processo de extrusão. A escala nano refere-se a medidas muitas vezes ao nível molecular, um nanómetro (1 nm = 10-9 m) corresponde a 3 vezes o diâmetro do átomo de silicone. Conforme referido por Margaret Frey, professora assistente no departamento Têxtil da Universidade de Cornell, a técnica apoia-se mais em forças eléctricas do que mecânicas para formar as fibras. Por essa razão, são necessárias propriedades especiais nas soluções poliméricas para o processo de «electrospinning», incluindo a capacidade de condução da carga eléctrica. A carga eléctrica puxa a solução polimérica através do ar, formando pequenas fibras que são recolhidas num campo eléctrico. A fibra produzida possui um diâmetro inferior a 100 nanómetros. A nova tecnologia é agora possível graças a um novo grupo de solventes que podem dissolver a celulose, estando a ser testados diversos solventes com o objectivo de encontrar o que dará origem a fibras com qualidade superior. Sempre que o algodão é convertido em tecidos e vestuário são gerados desperdícios que são geralmente descartados ou usados como matéria-prima para o fabrico de produtos de algodão de reduzido valor acrescentado. Com a perspectiva de se poder fabricar artigos de aplicação técnica com maior valor adicional, a motivação para a reciclagem destes materiais irá aumentar ao longo de todas as fases de produção têxtil, retirando-os da linha de desperdícios. A técnica de «electrospinning» é usada geralmente na produção de mantas de não-tecidos feitos com nano-fibras, que podem ser usados para a obtenção de poros, à escala nano, em filtros industriais. A produção de fibras com um diâmetro ultra-pequeno a partir da celulose pode ter uma grande variedade de aplicações, que iriam explorar a enorme área de aplicação das mantas de não-tecidos de nano-fibras e a possibilidade de controlar a orientação molecular e a estrutura cristalina das fibras à escala nano. Caso este desenvolvimento seja bem sucedido, as possíveis aplicações podem incluir: filtros de ar, vestuário de protecção, nano-tecnologia agrícola e nano-compósitos bio-degradáveis. Outra das aplicações previstas é a utilização das mantas bio-degradáveis de celulose para a absorção de fertilizantes, pesticidas e outros materiais. Estas mantas libertariam estes materiais em determinado lugar e a determinada taxa, permitindo uma aplicação localizada.