Os materiais certificados pela Troficolor incluem tecidos e não-tecidos para a produção de máscaras, desenvolvidos pela empresa em parceria com especialistas em acabamentos. «Os três componentes que entram numa máscara [tecido externo, tecido interno e não-tecido] estão certificados em conjunto», explica Carlos Serra ao Portugal Têxtil. Além de questões como a permeabilidade ao ar e capacidade de filtração de partículas, que correspondem aos padrões estabelecidos, «temos o cuidado de que alguns dos nossos tecidos, não todos, terem acabamentos antibacterianos, antiodores mas também repelência, para evitar que partículas aerossolizadas não sejam absorvidas pelo tecido», destaca o CEO.
Atualmente, os materiais certificados pelo CITEVE são para a produção de máscaras, mas a Troficolor está igualmente a comercializar tecidos para a produção de batas hospitalares. «Esses dois tecidos não foram aprovados por nós – temos uma parceria com o acabador, têm certificação de quem fez o acabamento, nós só estamos a comercializar», adianta Carlos Serra.
Além de responder à procura por tecidos deste tipo, a Troficolor tem ainda em curso a certificação de vários modelos de máscaras. «Temos muitas pessoas a pedirem-nos máscaras», afirma o CEO da empresa, que criou internamente a marca [email protected] by Troficolor para comercializar máscaras certificadas e também não-certificadas, para clientes profissionais e consumidores finais. «Vamos provavelmente comercializar máscaras certificadas e algumas não certificadas, para podermos cobrir outras necessidades», revela Carlos Serra, sublinhando, contudo, que as máscaras não-certificadas serão produzidas com tecidos certificados.
A procura tem existido tanto em Portugal como noutros mercados, nomeadamente França, Alemanha e Reino Unido, o que levanta a questão da certificação internacional. «O problema das certificações é que têm de ser feitas no país para onde vendemos, porque a nossa não é válida lá. E não são universais. Temos, por exemplo, um tecido que aqui o CITEVE não certificou e em França conseguiram certificá-lo», exemplifica.
Moda a retomar
Tendo-se mantido sempre a trabalhar, com exceção de um período de férias de duas semanas antes da Páscoa, a Troficolor começa a registar também um certo regresso à normalidade na área de atuação primordial: a moda. «O tradicional está a começar a mexer», reconhece o CEO, que dá conta de contactos de diferentes mercados, incluindo Espanha, Inglaterra e Itália. «A moda esteve parada mais de um mês – é natural que as pessoas, que estavam confinadas em casa, não fossem comprar online uma roupa nova para vir cá fora pôr o lixo. As marcas perderam vendas substanciais, mesmo com o online», refere Carlos Serra. «Agora já se nota alguma retoma, mesmo o grupo Inditex está a fazer perguntas a alguns clientes nossos e os nossos clientes estão a receber algumas encomendas», admite. Esta retoma sente-se igualmente nas encomendas que tinham ficado suspensas. «Neste momento já me estão a dar indicações para a entrega dos artigos», acrescenta.
A procura não é ainda como antes da pandemia, mas há sinais positivos. «Não é exatamente igual, temos clientes que reduziram ligeiramente, mas outros estão a fazer encomendas. Estamos a sentir isso quase há duas semanas, começaram a aparecer negócios que estavam pendentes e há mesmo procura de artigos para as coleções de inverno de 2021, já se nota uma movimentação», conta o CEO.
Depois de um ano de 2019 que correspondeu às expectativas, com «menos volume de negócios [do que 2018] mas com resultados satisfatórios», 2020 deverá ser um ano com uma quebra mas, apesar de tudo, mais positivo do que o esperado no início da pandemia. «Contamos que haja o retomar da área de moda para que possamos recuperar um pouco a perda destes dois, três meses. Felizmente, face a toda esta conjuntura, está a ser positivo», assume Carlos Serra.
Para ficar terá vindo também a área de negócio mais vocacionada para a saúde. «Primeiro foi uma aprendizagem. Depois foi perceber o que podíamos fazer como complemento do negócio, o dar continuidade a solicitações que estão a acontecer neste momento. Estamos a vender tecidos para fazer batas hospitalares e outras coisas que não eram parte do negócio e estamos a fazê-lo porque sentimos essa necessidade e porque realmente nós, portugueses, temos uma capacidade fantástica de nos adaptarmos», conclui o CEO da Troficolor.