Início Arquivo

Turbulência no retalho americano

Os retalhistas norte-americanos registaram em Maio mais um mês de resultados divergentes, segundo revelaram os dados das vendas, publicados no início de Junho. Face a esta realidade, ficou anulada a esperança de uma recuperação sustentada nos gastos dos consumidores. O mau tempo no início do mês afectou a procura por produtos de Verão, enquanto que o débil mercado de valores ressaltou o estado ainda frágil da recuperação económica. Os resultados foram também prejudicados pelo tardio festejo do Memorial Day, o que fez transitar algumas das vendas para Junho. «A dinâmica nos gastos dos consumidores, que estava a subir até ao primeiro trimestre, parece estar a tentar recuperar o fôlego no segundo trimestre de 2010, pelo menos até agora», referiu Michael McNamara, vice-presidente de pesquisa e análise na MasterCard Advisors SpendingPulse. «A volatilidade nos mercados financeiros e as questões macroeconómicas podem ser responsáveis por esta sombra sobre a recuperação dos gastos no consumidor», apontou. Os produtos de luxo, as jóias e o comércio electrónico foram as categorias de venda com maior crescimento nos EUA durante o mês de Maio, segundo os dados da SpendingPulse, mas o vestuário registou um segundo mês de queda. Em Maio, o crescimento do comércio electrónico continuou a demonstrar a resistência deste canal, com um crescimento nas vendas superior ao comércio convencional. Os melhores resultados foram registados nas subcategorias de vestuário infantil e vestuário para a família, que cresceram 30,4% e 26,2%, respectivamente, em relação a igual período do ano anterior. As vendas de produtos de luxo continuaram a beneficiar de uma recuperação em relação ao ano passado, com um aumento de 9,7% – o sexto mês consecutivo de crescimento anual. Apesar de não ser tão forte como o crescimento de dois dígitos registado em Fevereiro, Março e Abril de 2010, os produtos de luxo continuam a aproveitar o impulso de meses anteriores à medida que a categoria sai das quedas de 2009. Em contraste, as vendas de vestuário diminuíram 3,7%, com quedas generalizadas em todas as subcategorias, excepto na roupa de criança. De acordo com a SpendingPulse, as maiores quedas foram registadas no vestuário masculino (queda de 10,4%), no calçado (queda de 7,3%) e no vestuário feminino (queda de 6,1%). Mas uma boa notícia é que os preços continuaram a manter-se firmes para as categorias em geral, indicando um aumento de 5,4% no índice geral de preços do vestuário em comparação com Maio anterior. Esta política de preços fortes, sugere McNamara, indica que «os stocks continuam a estar alinhados com a procura e os retalhistas não tiveram de regressar aos grandes descontos». A empresa de consultoria e pesquisa Retail Forward também encontrou alguns motivos para optimismo, após os seus números indicarem um aumento de 2,7% nas vendas em igual número de lojas em Maio. Este valor ultrapassou o aumento de 1,2% registado no mês passado, que foi abalado pelo impacto de uma Páscoa antecipada. Apesar da esperança de uma melhoria do retalho no mês de Junho, parece prudente afirmar que a recuperação sustentada do retalho nos EUA ainda não está para breve.