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Turquia defende a sua ITV

A decisão tomada em Abril pelo governo turco para introduzir direitos de salvaguarda provisórios sobre um determinado número de importações de têxteis e vestuário irá tornar mais caro para os produtores de vestuário, retalhistas e marcas a importação de bens para a Turquia a partir de países com os quais não possui um acordo de livre comércio. As taxas estão previstas entrar em vigor a partir de Julho e afectam uma diversidade de produtos, incluindo sobretudos, fatos, casacos, camisas, blusas, cuecas, camisolas, pijamas, camisolas, roupa de banho, bem como tecidos feitos de lã, algodão e fibras não-naturais. Dirigindo-se aos representantes da indústria na Istanbul Fashion Apparel Conference, o ministro de Estado da Turquia, Zafer Caglayan, disse que as taxas são necessárias para pôr fim a uma recente onda de importações. «O aumento das importações é algo que a Turquia deve focalizar», defendeu Caglayan. «Diversas fábricas foram obrigadas a fechar nos sectores têxtil e vestuário e por isso foi tomada uma decisão provisória. Nós nunca tomaríamos uma decisão que fosse contra a nossa indústria». As medidas são projectadas para ajudar as fábricas têxteis da Turquia a conquistarem mais negócios junto das empresas de moda nacionais e a reduzir a dependência da indústria das matérias-primas dos mercados externos. Os aumentos tarifários estão previstos entrar em vigor a partir do dia 21 de Julho de 2011 e variam de acordo com o agrupamento do país. As importações originárias dos EUA, por exemplo, vão estar sujeitas a tarifas adicionais de 20% nos tecidos designados e 30% no vestuário e acessórios de vestuário designados. No entanto, estas medidas têm sido descritas como «proteccionistas» e têm a oposição das empresas turcas de vestuário, que já enfrentam o aumento dos custos em várias frentes. De facto, vai haver provavelmente um aumento de preço em diferentes níveis da cadeia de aprovisionamento turca. Por um lado, os produtores de vestuário da Turquia, que importam matérias-primas, vão enfrentar taxas adicionais, enquanto por outro, o sector de retalho da Turquia, o qual se encontra em rápida expansão, também será afectado. Os retalhistas temem que o aumento dos custos para o retalho turco tenha de ser passado para o consumidor e, portanto, susceptível de afectar as vendas no país. Também falando na Istanbul Fashion Apparel Conference, Paolo Zegna, presidente da Ermenegildo Zegna, afirmou que a Turquia pode aprender com a história da indústria têxtil da Itália. O responsável referiu que, apesar da indústria italiana ter perdido 43 mil postos de trabalho e 7.000 empresas para os produtores de menor custo nos últimos cinco anos, tem havido uma focalização em menos marcas mais fortes e uma recuperação das exportações. A Turquia também está em vias de gravar a sua própria identidade e, ao mesmo tempo, impulsionar uma indústria têxtil bem estabelecida e altamente qualificada. «Por um lado, o proteccionismo não é uma boa forma de melhorar os fabricantes locais, mas a inovação, as novas tecnologias e a produção orientada para o mercado são muito mais importantes do que o proteccionismo», considera Mehmet Kumbaraci, director-geral da Turkish Clothing Manufacturers Association. Com a sua força de trabalho altamente qualificada, competências em tecnologia e design, a Turquia não é apenas uma base de produção de valor acrescentado, mas também luta para deixar a sua marca como centro de moda, com os seus próprios designs, marcas e colecções. Mas a preocupação agora é que este crescimento possa ser prejudicado se a potencial introdução generalizada de taxas anti-dumping sobre as importações de têxteis e vestuário significar que o país se torne incapaz de desenvolver todos os níveis da sua cadeia de aprovisionamento.