A nova estratégia comercial da UE para os próximos anos, que foi apresentada em meados de fevereiro, pretende reforçar o multilateralismo e rever as regras comerciais mundiais para assegurar que são «justas e sustentáveis».
Quando necessário, a UE deverá ter «uma posição mais assertiva» a defender os seus interesses e valores, incluindo através de novas ferramentas. «Respondendo a um dos maiores desafios no nosso tempo», refere o comunicado de imprensa, a Comissão Europeia está a colocar a sustentabilidade no centro da nova estratégia comercial, apoiando a necessária transformação da economia para cumprir a neutralidade climática.
Isso inclui assegurar que há um capítulo ambicioso dedicado à sustentabilidade em todos os acordos bilaterais de comércio e investimento e a promoção e cadeias de valor responsáveis e sustentáveis através de averiguações obrigatórias que cobrem os direitos humanos e a proteção do meio ambiente.
Da mesma forma, a UE vai adotar uma «abordagem mais dura e assertiva» na implementação dos seus acordos comerciais, combatendo o comércio injusto e respondendo a preocupações de sustentabilidade. O bloco está a acelerar os seus esforços para assegurar que os seus acordos cumprem os benefícios negociados para os seus trabalhadores, agricultores e cidadãos.
Em resposta aos atuais desafios, a estratégia dá prioridade a uma grande reforma da Organização Mundial do Comércio (OMC), incluindo os compromissos mundiais no comércio e no clima, novas regras para o comércio digital, reforço das regras para responder a distorções de competitividade e restauração do sistema para resolver disputas.
Esta estratégia tem por base «uma consulta pública inclusiva e vasta», incluindo mais de 400 documentos submetidos por diversas entidades e em ligação próxima com o Parlamento Europeu, os governos dos países-membros e a sociedade civil.
Euratex quer apoios à ITV
A UE, de resto, recebeu recentemente um apelo por parte da Euratex, para criar condições para a competitividade e resiliência da indústria têxtil e vestuário (ITV) e assim acelerar a sua recuperação.
Durante o EU Industry Days, o evento anual sobre a indústria da UE, a confederação europeia de têxteis e vestuário lembrou que a ITV foi das mais atingidas pela pandemia e pediu à Comissão Europeia e aos Estados-membros para «criar as condições certas para a competitividade e resiliência da sua base industrial, em particular a indústria têxtil e vestuário». A Euratex sublinhou que «a indústria têxtil e vestuário é um pilar da Europa, com o seu savoir-faire e excelência, contabilizando 160 mil empresas (sobretudo PME’s), empregando 1,5 milhões de pessoas e gerando 162 mil milhões de euros». Além disso, «38% do volume de negócios desta indústria é vendido nos mercados mundiais, em que as PME’s representam mais de 50% dessas vendas mundiais».
«A próxima Estratégia Europeia Têxtil representa uma tremenda oportunidade para a indústria e legisladores desenvolverem uma visão voltada para o futuro», acredita Dirk Vantyghem, diretor-geral da Euratex. «Se a Europa perder esta oportunidade, arrisca-se a perder um dos ecossistemas essenciais. Demasiados sectores serão afetados por essa perda, já que os têxteis estão em todo o lado, do automóvel à rua que pisamos», concluiu.
A Comissão Europeia publicou recentemente uma proposta de roadmap para a estratégia têxtil, que está atualmente em consulta pública. A adoção pela Comissão Europeia da mesma está planeada para o terceiro trimestre de 2021.