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Yuan domina roupa

Segundo os números oficiais divulgados em Abril, os acordos comerciais estabelecidos em yuan atingiram os 58,7 mil milhões de dólares no ano passado e podem subir para mais de 3 biliões por ano até 2015. Como tudo o que está relacionado com a China, os números são simplesmente impressionantes. Desde que o país começou a aceitar que o comércio internacional fosse estabelecido na sua moeda, o yuan, em 2009, as transacções transfronteiriças subiram acentuadamente – aumentando 13 vezes no ano passado, segundo a Administração Estatal de Câmbio. E, à medida que mais e mais empresas de capital estrangeiro optam por pagar e serem pagas em yuan, em alternativa às principais divisas mundiais, este número tende a aumentar acentuadamente. Um relatório divulgado em Março pelo Australia and New Zealand Banking Group (ANZ) e Asia Society aponta no sentido do número de acordos estabelecidos em yuan atingir os 2,2 biliões de yuan por mês (350 mil milhões de dólares) até 2015. E refere que os mercados de títulos denominados em yuan podem chegar aos 375 mil milhões de yuan (60 mil milhões de dólares). A análise também observa que os acordos comerciais transfronteiriços com base em yuan em Hong Kong – actualmente o único centro de comércio para a moeda chinesa fora do território continental – subiram dos 1,5 mil milhões de dólares em Junho de 2010 para mais de 15 mil milhões em Dezembro de 2010. Não surpreendentemente, o conselho para as empresas de vestuário – que, afinal, dependem da China como um dos mais importantes centros de produção e aprovisionamento no mundo – é o de posicionarem-se para novas oportunidades, à medida que o yuan transita para uma moeda internacional. Quais são os benefícios para os retalhistas em liquidarem os seus acordos comerciais em yuan? «Se uma empresa de aprovisionamento paga em yuan, sabe exactamente qual vai ser a taxa de câmbio, portanto pode negociar com os fornecedores para tornar os preços mais transparentes», explica Shirley Chan, chefe de serviços de transacções globais em Hong Kong, no Royal Bank of Scotland, apontando ainda que do lado do fornecedor, a vantagem é «que estes não precisam de se preocupar com a fixação de preços em apreciação, o que leva a transparência e estabilidade também para eles». A utilização do yuan como moeda de transacção pode não só ajudar as empresas a cobrir o risco de apreciação, mas também as isola contra os riscos provenientes dos preços voláteis das matérias-primas, como o algodão em cru. Poderia até ser uma ferramenta útil para as empresas negociarem condições mais favoráveis com os seus parceiros chineses, e, potencialmente, aumentarem o seu grupo de fornecedores. Um catalisador para o crescimento do comércio estabelecido em yuan provém do governo chinês, que fez da mais vasta utilização da moeda em transacções transfronteiriças um dos seus objectivos políticos, com o objectivo de reduzir a dependência do dólar norte-americano. A sua decisão em Junho de 2010 para permitir que o yuan valorizasse face ao dólar também acelerou a captação de acordos em yuan de empresas comerciais fora da China que sentem que a moeda subvalorizada vai provavelmente apreciar. E no final do ano passado, os reguladores chineses aumentaram o número de exportadores que podem usar o yuan para liquidar transacções internacionais de algumas centenas para quase 70.000, num total de 20 regiões da província. Tudo isto sugere que esta será uma tendência no futuro – uma tendência que as empresas de vestuário devem observar atentamente.