A Inditex exerceu a sua influência junto de um dos seus fornecedores para que este encerrasse uma fÁbrica localizada no Bangladesh que estava sob suspeita de não cumprir com a legislação laboral. Esta medida foi tomada após a denúncia, realizada por um grupo de trabalhadores junto da cadeia britânica BBC de que aquela unidade produtiva apresentava condições laborais precÁrias. Além da recomendação de encerramento, a Inditex exigiu que o fornecedor construísse uma nova fÁbrica que cumprisse com os requisitos mínimos exigidos pelos espanhóis e que garantisse os postos de trabalho da unidade encerrada. As condições de trabalho dos países em vias de desenvolvimento voltam assim a gerar polémica junto de um gigante multinacional do mundo da moda, depois do caso da Primark na índia (ver Uma questão de ética). A Inditex “apressou-se” a pressionar o seu fornecedor a encerrar a unidade fabril logo que foram tornadas públicas as acusações e as condições de trabalho às quais estavam sujeitos os seus trabalhadores. Segundo declarações da Inditex, a fÁbrica em questão, apesar de não produzir artigos para a têxtil galega, estÁ inserida num grupo empresarial fornecedor da Inditex. Segundo os proprietÁrios da Zara, as condições de segurança e de higiene eram inadmissíveis», pelo que instaram a que os proprietÁrios encerrassem a unidade e construíssem uma nova que cumpra com os requisitos do grupo espanhol e que garanta também os direitos e as liberdades sindicais dos trabalhadores. Por último, reforçaram a ideia de que a unidade de onde a Inditex importa os seus artigos cumpre integralmente com o código de conduta da empresa. Este caso tornou-se público após uma investigação levada a cabo pela BBC na capital do Bangladesh, Dhaka, onde se tornou evidente a precariedade das condições laborais daquela unidade. Uma das trabalhadoras referiu que as condições da fÁbrica são muito mÁs e que são cometidos abusos verbais e físicos sobre os trabalhadores. Quando cometemos um erro, por mínimo que seja, batem-nos ou reduzem-nos o salÁrio», referiu. Outra trabalhadora assegurou que não podiam abandonar a empresa porque tinham um montante considerÁvel de salÁrios em atraso. Se sairmos, não nos pagam o que nos devem. Esse é o problema, não é fÁcil abandonar a fÁbrica», acrescentou. As trabalhadoras entrevistadas afirmaram que tinham trabalhado artigos para a Zara. No entanto, o director de responsabilidade social da Inditex, Javier Chercoles, assegurou à BBC que, nos últimos cinco anos, a Zara não tinha efectuado encomendas naquela unidade. Os auditores da Inditex, de visita à fÁbrica, descobriram produções que se destinavam a inúmeras marcas internacionais, mas não ao grupo espanhol. A fÁbrica em questão estÁ associada a uma outra que produz artigos para a Zara onde as condições são consideravelmente melhores. Segundo o grupo espanhol, é possível que se tenha transferido parte da produção de uma fÁbrica para a outra sem o conhecimento e autorização da Inditex. Preocupação social e reputação O sector têxtil tem reiterado em inúmeras ocasiões a necessidade de serem implementadas medidas que garantam condições de trabalho dignas nas diversas cadeias de fornecimento do sector, incluindo filiais, subcontratados e fornecedores, que num elevado número de casos estão implantados em países subdesenvolvidos. As empresas estão conscientes da necessidade de se aplicarem códigos de responsabilidade e conduta devido, entre outras coisas, à necessidade de assegurarem elevados níveis de confiança junto dos consumidores. Diversas marcas de moda, como a Zara, Cortefiel e Mango, levam a cabo dezenas de auditorias realizadas numa base anual para verificarem o cumprimento de condições e requisitos de responsabilidade social e ambiental. Muitas marcas, onde se incluem as três referenciadas, fazem parte da aliança Iniciativa de Comércio ético (Ethical Trading Initiative), que procura fomentar o cumprimento dos códigos e das boas prÁticas laborais. No caso do grupo detentor da Zara, este tipo de auditorias, levou a que a Inditex anulassem em 2006 contratos de fornecimento com cerca de 300 fornecedores devido a prÁticas relacionadas com o trabalho infantil, com a exploração laboral e com o incumprimento dos valores de salÁrio mínimo.